18/07/2017
18/07/2017
O conflito entre o Estado de Israel e os habitantes locais da Palestina é talvez o mais longo conflito bélico da história. Para os Judeus, Israel é a terra prometida, para os palestinos é seu lar. Os judeus chegaram à terra de Canaã dois mil anos a.c., vindos provavelmente da Babilônia, hoje Iraque, e com Abraão ali se estabeleceram, conquistando a terra a Cananeus e filisteus. Os Judeus invocam sua terra amparados na história do reino de Davi e Salomão, na Judéia, no século X a.c. A região quase sempre foi território de império, quase nunca independente. Em 70 d.c. sob domínio romano, os judeus tiveram o templo destruído e em 135 Jerusalém foi arrasada, seus habitantes mortos, escravizados ou exilados da Judéia, se espalhando pelo mundo helenístico e mesopotâmico. Séculos de discriminação e perseguição fizeram do mote Jerusalém no Próximo ano a chama do retorno. Segundo Shlomo Sand, em A Invenção da Terra de Israel, no século XVIII cinco mil judeus viviam na Palestina, em meio a uma população de 250 mil cristãos e muçulmanos. Havia então 2,5 milhões de judeus espalhados por todo mundo, cerca de 90% na Europa Oriental. Foi a perseguição aos judeus, os pogroms, que provocaram as grandes ondas de migração a partir de 1881-2 em direção à Palestina. Em Israel x Palestina, James Gelvin, cita as ondas de imigração e compra de terras pelos judeus para instalação de colônias por toda Palestina como base inicial para seu lar e a seguir para seu Estado nação. O movimento Sionista, o nacionalismo que buscava um lar para o povo judeu, foi desenvolvido por Herzl, quando criou a Organização Sionista Mundial com o propósito de cuidar da imigração para a Palestina e criar um Estado para os Judeus. A primeira guerra mundial é chamada de cemitério dos impérios, sucumbiram ali os impérios austro-húngaro, o Russo e o Otomano, este último com as maiores consequências no Oriente médio, onde por incapacidade de estados se organizarem autonomamente, ficaram com o formato de mandatos, onde Grã-Bretanha e França assumiram responsabilidades administrativas sobre os territórios da Palestina, Jordânia, Iraque, Líbano e Síria. Os Palestinos sempre se imaginaram território de impérios, se vendo como Otomanos, Árabes ou mesmo Sírios. Mas coube à Grã-Bretanha o mandato da Palestina, ficando a França com a Síria. É dessa época, 1917, a declaração de Balfour que se comprometia com um lar judaico na Palestina, preservados os direitos religiosos e civis dos habitantes locais. Continua…
*Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal dia 18/07/2017