O Socialismo como tentação – Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

26/04/2017

O Socialismo como tentação – Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

26/04/2017

 

 William Beveridge, diretor da London School of Economics, em 1942, nomeou os cinco gigantes que se atravessavam no caminho do bem estar social pleno, a Escassez, a Doença, a Ignorância, a Miséria e a Desocupação. Nessa época, a maioria dos intelectuais acreditava que somente o governo era capaz de alcançar os objetivos almejados. Essa ideia vinha do extraordinário esforço levado a cabo pelo governo britânico na segunda grande guerra, onde ocorreu um esforço coletivo concentrado, com ordenamento, disciplina, planejamento, que despertaram um sentimento de igualdade, interesses comuns, unidade e objetivos transcendentes. Isso fez daquele período uma época com um sentido e um propósito existencial poderoso. O Estado estava em alta e o Socialismo passou a ser uma possibilidade que seduzia a ortodoxia intelectual, contra o que quase ninguém ousaria discordar. Gente como Oscar Wilde já havia dito que a pobreza era consequência da propriedade privada, Orwell chegou a comparar lucro com exploração, e Bernard Shaw chegou a dizer Somos todos Socialistas. Foi o economista Hayek, autor de O Caminho da Servidão, quem assinalou que a existência de um objetivo comum em tempos de guerra era atípico, em tempos normais os interesses e propósitos das pessoas são infinitamente variados. A falta de perspectiva histórica na crítica ao capitalismo ignora que apesar das crises o padrão de vida tem um aumento continuado ao longo do tempo, a análise limitada ao presente pode oferecer soluções que trazem problemas ainda maiores. De resultados das teses socialistas pontuou dar emprego sem demanda estimula grave inflação, proteger salários de determinados grupos penaliza outros, não se discrimina positivamente um grupo sem discriminar negativamente outro. Mas o pior apontado por Hayek é a deformação no caráter das pessoas quando a um ente superior, como o Estado, é entregue o planejamento e a solução dos problemas. Ninguém mais é responsável por nada, e sendo ao Estado impossível administrar tudo, o cidadão se refugia em seu casulo egoísta, tudo passa a ser culpa de outrem e sua conduta é moralmente irrelevante. Para Milton Friedman o crescimento do Estado leva a dificuldades de seu financiamento, os impostos passam a ser fonte de ressentimento, pelo desperdício e a ineficácia dos gastos, a maioria dos programas sociais nunca deveria ter sido aprovada, as pessoas seriam mais autoconfiantes e menos dependentes, teriam incentivo para o trabalho, a poupança e a inovação.

 

 

*Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal dia 26/04/2017

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