03/07/2017
03/07/2017
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed) e da recém-fundada Confederação Nacional da categoria, Geraldo Ferreira, considera que as reformas na legislação trabalhista e na Previdência, duas medidas consideradas por parte significativa do empresariado como essenciais para a retomada econômica do país, representam, na verdade, algo “extremamente nocivo ao trabalho médico”.
Em entrevista ao Portal Agora RN/Agora Jornal, o anestesista defende que as mudanças propostas pelo governo federal “acabam com a carreira médica”. “[As reformas] precarizam a relação de trabalho promovendo o achatamento salarial da categoria”, afirma.
Além disso, Geraldo Ferreira é crítico da Lei da Terceirização, sancionada pelo presidente Michel Temer (PMDB) no começo de abril. “Ela [a proposta de terceirização] propõe que se pague por hora trabalhada; acaba com a segurança do trabalho”, pontua.
Ao lamentar a adoção de medidas austeras por parte da gestão federal, o presidente da Confederação Nacional dos Médicos frisa que, além da conquista da remuneração, o trabalho da categoria que ele representa é também uma “realização pessoal”. E as reformas, segundo ele, prejudicam a concretização deste “sonho”.
“O trabalho não se resume a ganhar dinheiro, é também uma realização pessoal. Faz parte de algo que a gente chama de condições para se ter uma vida boa. Trabalhar é uma forma de se realizar como ser humano. E a reforma trata o mercado como mercadoria”, frisa. “Trabalho médico não é meramente uma mercadoria, mas uma forma de realização pessoal-profissional de quem escolhe”, completa.
Ainda segundo Geraldo, apesar da imposição do governo em acelerar a aprovação das reformas, a sociedade está reagindo. “O governo quer atropelar como trator de esteira, mas há uma reação da sociedade, do Ministério do Trabalho, dos auditores, em relação à reforma previdenciária como está sendo colocada. Em algumas profissões, ela [a reforma] vai inviabilizar o indivíduo de se aposentar”, registra.
Além de enfrentar a ameaça das reformas, Geraldo Ferreira conta que a categoria tem se deparado com condições precárias de trabalho em diversas partes do país. Ele cita, por exemplo, a falta de concurso público, uma realidade em diversos locais, e residências médicas encerrando as atividades (e o atendimento à população) por más condições. “Por falta de instrutores, unidades com 50 anos de história estão deixando de funcionar”, conta.
Encontro em Brasília
Representantes de sindicatos da categoria médica de todo o país estiveram reunidos nesta quinta-feira, 29, em Brasília, para a solenidade de inauguração da sede da Confederação Nacional dos Médicos (CNM). Na oportunidade, houve a reunião também do Conselho de Representantes da Federação Nacional dos Médicos (FNM). A CNM foi criada durante assembleia realizada em Natal no final do ano passado e em fevereiro deste ano Geraldo Ferreira foi eleito presidente.