21/03/2018
21/03/2018
Débora Araújo Seabra de Moura, de 35 anos, é a primeira professora com síndrome de Down que já se ouviu falar no Brasil. Enfrentou o preconceito dos colegas de turma durante o curso de magistério e há treze anos é professora auxiliar do ensino infantil em uma escola particular em Natal (RN).
“As crianças me respeitam como qualquer outra pessoa. Eu converso com elas e digo que estou lá para ajudar”, conta a potiguar, que em 2013 lançou um livro de fábulas infantis “Débora conta histórias”, onde animais de uma fazenda enfrentam problemáticas sociais como preconceito e rejeição.
A educadora já rodou São Paulo, Pernambuco e o interior do Rio Grande do Norte com palestras sobre inclusão nas escolas. “Fico feliz em saber que sirvo de exemplo para que outras pessoas queiram ser professora”. Em 2015, o esforço foi reconhecido com oprêmio Darcy Ribeiro de Educação 2015 em Brasília, honraria promovida pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, destina a pessoas que contribuem para o desenvolvimento da educação no país.
“É duro falar isso, mas quando ela nasceu, eu pensava que desejar sua morte seria a solução. Mas depois entendi que não queria que ela morresse, o que eu queria era que a síndrome morresse”, lembra Margarida, mãe da jovem, que hoje se orgulha das conquistas da filha. “Ela me ensinou o que é ser mãe, e por isso, digo para todo mundo que é possível ser feliz com a síndrome”.
Depois de uma trajetória marcada por superações e conquistas profissionais, chegou a hora Débora embarcar em um novo sonho. “Quero construir minha própria família e retribuir o amor, carinho e proteção que recebo dos meus pais”, planeja, ao desenhar mentalmente seus filhos e sua própria casa.
“Torço muito para que ela se realize como mãe e eu como avó. Já tiveram alguns namoradinhos e uns paqueras!”, confessou Margarida.
Dia Internacional da Síndrome de Down
A síndrome de Down é uma alteração genética natural e universal, presente em todas as etnias e classes sociais. Estima-se, somente no Brasil, são mais de 200 mil pessoas com a síndrome. De acordo com as Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down, não é correto dizer que: uma pessoa é portadora, sofre de, é vítima de, padece ou é acometida por síndrome de Down. O correto seria dizer que a pessoa tem ou nasceu com síndrome de Down. Pessoas com síndrome de Down têm rompido muitas barreiras e apresentado grandes avanços.
O dia 21 de março foi escolhido pela Organização Síndrome de Down Internacional, em 2006, em alusão aos três cromossomos no par de número 21, que as pessoas com síndrome de Down possuem. Daí o dia 21/3.
Por ser um dos países mais empenhados para promover a data, em 2010 o governo brasileiro solicitou que 21 de março entrasse no calendário oficial da ONU, o que aconteceu no ano seguinte. A data é importante para garantir direitos, celebrar a vida e dar voz às pessoas com síndrome de Down.