30/07/2020
30/07/2020
O Professor de Finanças, Fernando Amaral, esteve no Sinmed RN para um bate-papo com Geraldo Ferreira, presidente licenciado da entidade, para falar sobre os impactos da pandemia no Estado. Amaral pesquisa dados e estatísticas da crise sanitária que afetou o mundo desde o início da quarentena no Rio Grande do Norte, quando a Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP/RN) estimou cerca de 11 mil mortes no território potiguar decorrentes da Covid-19.
“Eu resolvi estudar estatisticamente o que estava acontecendo com esse vírus. Eu tive acesso a banco de dados vindo do CDC (Controle de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos), outros professores da Europa também me enviaram artigos que estavam sendo publicados, li muito a respeito e, pegando esses dados, eu desenvolvi um modelo que chamamos de “Estatística de Regressão” que projeta dados e fazem estimativas do comportamento de variáveis” disse.
Amaral relata ter pesquisado dados de óbitos que ocorreram 210 países e encontrou três variáveis importantes para a Covid-19: Cidades demográficas acima de 200 habitantes por KM², pessoas acima de 65 anos e fumantes. Dentre outras, essas variáveis foram as que apresentaram maiores índices de mortalidade. E a partir das pesquisas nesses modelo, o professor estimou que os óbitos, até o dia 15 de maio, seriam 60. Na mesma data os dados apresentavam 56 óbitos. O mesmo modelo também estimou que até o final do mês de julho, o RN somaria 1662 vítimas fatais da doença, número bem próximo do atual, 1671, apresentado no último boletim epidemiológico (29 de junho).
O modelo desenvolvido pelo professor Fernando Amaral também estimou que o pico da pandemia seria no dia 17 de junho. “Alguns estudos já apontam que quando 30% da população já teve algum contato com o vírus, ela fica imune e a situação fica estável. Então neste mesmo período aconteceu o que podemos chamar de imunidade de rebanho”, completou.
Ainda de acordo com o professor, o isolamento social não salvou e nem vitimou nenhuma pessoa no mundo: “se a gente considerar que os lugares que tiveram mais mortes por milhão, todos eles aplicaram o isolamento social severo, como a Bélgica, por exemplo, que é o país que soma mais mortes por milhão” disse. Um outro estudo sul-coreano aponta que 98% das pessoas são contaminadas através de familiares: “o conceito que deveria ter sido pregado desde o início deveria ter sido o de distanciamento social, e não o de isolamento social”, argumentou.
Sobre o retorno das atividades econômicas, o professor alerta para o perigo de shows e eventos dessa natureza, mas se coloca a favor do retorno das aulas: “crianças e adolescentes até 18 anos representam 0,7% dos óbitos por Covid no Brasil”. Amaral recomenda que as escolas adotem medidas sanitárias seguras, além reduzir a quantidade de alunos por dia (trabalhando com as modalidades presencial e remota) e organizar os horários de entrada para não provocar aglomeração.
Já o comércio precisa continuar adotando as medidas de segurança, como vem fazendo: utilização da máscara obrigatória, uso do álcool em gel elimitação de quantidade de pessoas dentro do estabelecimento para garantir o distanciamento social.
Para finalizar, Amaral afirma: “A população precisa fazer parte da solução. Se todos nós tivermos consciência e um comportamento responsável, a nossa vida pode chegar próxima do normal. Reforço: não estamos na normalidade. Nada voltou ao normal. Existe um vírus perigoso que mata, mas nós podemos e precisamos aprender a conviver com ele”.