20/12/2016
20/12/2016
Na manhã desta segunda-feira (19) o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed RN) participou de Audiência Pública para discutir a crise na Saúde Pública e o atraso salarial dos trabalhadores. O debate aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e contou com diversos representantes da saúde pública no RN.
A audiência tratou a crise no Estado e mostrou também as dificuldades enfrentadas na saúde pública dos municípios e na Capital do estado. A falta de recursos e o atraso dos salários dos servidores foram os principais pontos abordados na solenidade.
Um dos caminhos apontados para minimizar os problemas foi a reestruturação das políticas públicas para saúde e a informatização da saúde e a implementação integral da rede de urgência e emergência.
Para o presidente do Sinmed RN, Geraldo Ferreira, a situação vivida na saúde pública do RN é dramática. “A Crise financeira existe, mas falta do governador e do prefeito uma priorização para o setor. É preciso que a população entenda que a greve não é para maltratar o povo. O povo é maltratado diariamente pela falta de recursos, pelo desabastecimento”, disse.
O presidente fez um apelo à população para que se una aos movimentos contra o caos que se instala na saúde pública. “Enquanto a população não pressionar os gestores, não teremos uma saúde como todos merecem. Já apelamos aos políticos, à justiça, à imprensa, mas a população que sofre nos postos de saúde e nos hospitais, como está sofrendo, também precisa se mobilizar. A situação está ruim, mas o povo precisa saber que ainda pode piorar, se não formos todos as ruas”, concluiu.
Geraldo afirmou ainda que a greve, que começou em outubro, não acabará enquanto médicos e a população não forem respeitados pelos atuais gestores.
O deputado Kelps Lima, propositor da audiência, parabenizou os esforços dos servidores em trabalhar em meio à crise na saúde pública. “Gostaria de parabenizar os servidores, que mesmo com todas as dificuldades, falta de condições de trabalho e até mesmo com os salários atrasados permanecem atuando nas unidades, salvando vidas, mesmo quando isso significa fazer um esforço extremo como fazem diariamente”, pontuou.
Kelps lamentou ainda a falta de responsabilidade dos gestores. “Historicamente no Brasil, nenhum poder, em nenhuma instância, se responsabilizou com os gastos públicos e agora estamos todos pagando essa conta”, concluiu.
A promotora de justiça e coordenadora do CAOP Saúde, Iara Pinheiro, ponderou sobre a queda da participação Federal no custeio do SUS. “A União vem ano-a-ano se desvinculando de financiar o SUS, se na década de 90 a União financiava 70% do Sistema, hoje ela contribui com apenas 42%, mesmo mantendo na sua ‘mão’ o principal meio de custear o SUS, as contribuições sociais. Atualmente estados e municípios não arrecadam, mas custeiam em mais de 50% os serviços”, explicou.
Ainda segundo Iara Pinheiro, o SUS ainda que não tem sido executado da forma como foi planejado em sua Lei Orgânica. “Merece ser reconhecido como um patrimônio nacional, pela quantidade de vidas que salvou ao longo dos anos, mas a população brasileira não reconhece o parque de serviços dos SUS como deveriam”, lamentou.
Único representante do executivo Estadual, o Secretário de Saúde, George Antunes, explicou o momento vivido pela Sesap. “Atribuo a atual situação a três fatores: A dificuldade de desenvolver o trabalho, uma vez que este ano tivemos três gestores em um ano chefiando a pasta da saúde; ao fato de termos um déficit de recursos humanos, só este ano tivemos cerca de 100 médicos que tiveram os pedidos de aposentadoria atendidos, o mesmo acontece com outros profissionais da saúde; e o terceiro é a situação financeira do Governo do Estado, esta [crise financeira] é hoje a principal dificuldade”, explicou.
Também participaram da audiência Marcos Lima, presidente do Conselho Regional de Medicina, a diretora do Sindicato dos Servidores em Saúde do RN (Sindsaúde RN), Rosália Fernandes e o prefeito de Olho D’Água dos Borges, Breno Queiroga, além de médicos, servidores da saúde e populares.