Varela Santiago precisa de leitos

26/07/2010

Varela Santiago precisa de leitos

26/07/2010

A falta de investimento do Poder Público na ampliação de leitos nas UTI`s infantis e o pagamento insuficiente da diária de cada paciente, vindo do SUS, preocupam a direção médica do Varela Santiago e da Associação dos Amigos do Coração  (Amico) – que atua no Instituto do Coração de Natal ( Incor).

Credenciada para ter apenas 10 leitos infantis – transformados em neonatais ou pediátricos, dependendo da demanda, o hospital Varela Santiago também enfrenta essa realidade. Das 250 cirurgias infantis realizadas por mês, 90% são em pacientes neonatais, que na maioria dos casos, necessitam de uma UTI logo após o procedimento.

 O Incor possui 2 leitos neonatais para crianças com problemas no coração, recebendo pacientes dos hospitais privados e públicos, como Santa Catarina e maternidade Januário Cicco, mas existe a necessidade de ampliar para mais 2 leitos.

O hospital Varela Santiago realiza cirurgias marcadas e também as de emergência. Procedimentos na área de Neurocirurgia –  doenças do sistema nervoso central e periférico como tumores, doenças vasculares, degenerativas, casos de infecção e tumores oncológicos. A diretora médica, Maria da Penha Paiva, disse que o custo diário de uma UTI infantil é alto, em torno de 1 mil e 500 reais por leito, mas o Sistema Único de Saúde só repassa 400 reais, a exemplo do que é repassado ao Incor. “Não podemos ampliar com recursos próprios, pois o nosso orçamento é utilizado integralmente na manutenção dos leitos existentes”.

Quando há superlotação, crianças são encaminhadas para outras unidades como Januário Cicco e Santa Catarina, que também necessitam de novos leitos.

Dr. Mádson Vidal, diretor da Amico, entidade filantrópica que dá apoio às crianças cardíacas do interior, falou sobre a necessidade de criar mais dois leitos no Incor, uma vez que a demanda vem de todo o estado. “Se o Poder Público investisse na ampliação de leitos em hospitais que atendem pelo SUS, como o Incor, sobrariam vagas nos hospitais públicos para atender outras especialidades”.

A falta de pediatras, especializados em neonatologia é outro fator que impede a ampliação dos leitos, declara a direção médica dos hospitais Varela Santiago e da Promater.

No hospital privado Promater são realizados em média 150 partos por mês e a estrutura de UTI neonatal possui 15 leitos. De acordo com o diretor médico Guilherme Maia, esse número é suficiente para atender à demanda, por ter sido estabelecido de acordo com o número de partos realizados no hospital. “Há uma carência de pediatras especialistas em neonatologia, o número de crianças prematuras que hoje sobrevivem é muito maior do que anos atrás, a medicina evoluiu junto com a tecnologia, passando a ter uma lacuna do mercado”, declarou Guilherme Maia.

MS faz levantamento de dados

O número de leitos em UTI´s infantis pode ser definido de acordo com a taxa de natalidade de um estado, explica Francisco Martinez, representante do Ministério da Saúde, que está no RN levantando dados sobre mortalidade infantil.

O Incor e a Promater possuem uma parceria na realização de cirurgias cardíacas,  e procuram utilizar o número credenciado de leitos. O diretor da Promater disse que não é habitual o preenchimento de todas as vagas, e quando isso ocorre, geralmente a criança é encaminhada para o hospital Papi, que também possui unidade de Terapia Intensiva, e em último caso, para algum hospital público.

A UTI da Promater tem hoje 13 crianças internadas, a maioria  prematuras com problemas respiratórios. São 16 médicos  neonatologistas, 2 atuando por dia.

“Poder salvar crianças com apenas 700 gramas, que anos atrás não teriam nenhuma chance de vida, é uma vitória para toda a sociedade, por isso a importância de se investir em uma UTI infantil”.

Judite Marques, neonatologista da Promater acredita que o número reduzido de profissionais se deve ao tempo de conclusão do curso. O médico precisa fazer dois anos de pediatria e ainda um ano na especialidade neonatologia.

A UTI neonatal atende crianças de 0 a 28 dias e as pediátricas de 28 dias a 14 anos. Ambas, destinadas a atender  pacientes graves ou com risco. Precisam ter uma equipe de médicos e enfermeiros especializados 24h, além de equipamentos próprios, como bomba de infusão, respiradores e equipamentos para medir o peso da criança e os sinais vitais.

 

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