O projeto Sinmed Cultural iniciou sua temporada de 2012 com um recital do poeta natural de Marcelino Vieira, Sales Paiva. Foram registros líricos sobre sua terra, relacionamentos, pessimismo, amor, dúvida e saudosismo.

Paiva arrancou risadas de passagens como a de uma festa em Marcelino Vieira, em que uma mulher bêbada, após sentir o ar impregnado por um odor desagradável, não se fez de rogada e acusou: “Foi o delegado!”, sendo presa pelo delegado apontado pela flatulência.

Sabendo da causa “besta” da prisão da bêbada, Paiva fez um poema e mandou para o delegado, com o seguinte conteúdo:

“Sargento solte a mulher /
Se não crime doloso /
Atenda a Sales Cardoso /
como bem lhe convier vê-la livre,
o povo quer para sair da tristeza /
agradeço a gentileza /
se me der toda a atenção /
tire a mulher da prisão /
não quero ver mulher presa”

Na ocasião, Paiva, ainda estudante de Direito, era promotor de Justiça adjunto, o que era permitido pela legislação. A mulher foi solta.

Quando era criança, assim como muitos de sua geração, Paiva costumava seguir a banda de música, um hábito que ele diz “encher as pessoas de vida”. E, de acordo com o poeta, nessa época, com seu grupo de amigos e em uma espécie de desafio, quando um lançava um tema ou um verso, escolhia outro para finalizar o poema.

De um deles, Paiva ouviu:

“Toda vez que a banda passa, leva
uma banda de mim”. Ao que ele
respondeu com o poema “Quando
chego em Marcelino / que vejo
a banda passar / começo logo a
chorar / me sinto como um menino
/ corro zonzo, sem destino / passo
mal, fi co ruim / vou me sentar no
jardim / chorar na saudosa praça /
toda vez que a banda passa / leva
uma banda de mim”.

Esse e outros poemas estarão no próximo lançamento de Paiva, intitulado “Pedaços de Papel”, planejado para lançamento no dia 13 de junho, dia em que Paiva ganhará uma cadeira no Instituto Cultural do Oeste Potiguar (Icop).

Na ocasião, ele também vai lançar “Pelos Caminhos da Justiça”. “Quero tomar posse na terra em que nasci”, ressalta ele. A cerimônia acontece no Solar do Saboia, em Marcelino Vieira.

Paiva também é autor de crônicas como “Um político de outrora”, “Um pauferrense adotivo”, entre outras. 

Durante o Recital os médicos tiveram ainda a participação do presidente Academia Norte Riograndense de Letras, Diógenes da Cunha Lima.

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