Setor pediátrico do Santa Catarina fecha as portas até 1º de agosto

27/07/2012

Setor pediátrico do Santa Catarina fecha as portas até 1º de agosto

27/07/2012

No primeiro dia após a decisão de fechamento do pronto-socorro (PS) pediátrico do Hospital Santa Catarina, ontem, o vazio das enfermarias e corredores era lamentado pelos profissionais. Sem o número de pediatras necessário para completar a escala do mês, a direção não viu outra solução além da interrupção temporária dos serviços. Durante a semana, os médicos e a direção do hospital se reuniram e foi proposto que a escala de agosto fosse antecipada, mas o pedido não foi aceito pelos médicos, que pedem soluções definitivas.

A média de atendimentos do pronto-socorro pediátrico do Santa Catarina é de 4.300 por mês. Só em junho deste ano, foram assistidas 4.130 crianças. A partir de agora, os serviços ficam paralisados até o final do mês, com reabertura do setor só em 1º de agosto. Contudo, segundo a diretora geral do hospital, Maria da Guia de Araújo Silva, se até meados de agosto a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) não efetuar a contratação de profissionaispor meio de cooperativas ou se não remanejar pediatras da rede para a unidade, como é previsto, o pronto-socorro voltará a ser fechado.

O quadro de pediatras do PS conta com 14 profissionais. Destes, apenas dez estão atuando e quatro estão afastados, três por aposentadoria e um devido a mandato eleitoral. A diretora da unidade, Maria da Guia, esclarece que são necessários, ao menos, mais cinco pediatras para que a escala fique completa e não sobrecarregue os demais. O PS pediátrico da unidade hospitalar possui dois consultórios médicos, um pronto atendimento de urgências e duas enfermarias que, juntas, têm 29 leitos infantis.

A procura da população por atendimento no PS do Santa Catarina na manhã de ontem foi praticamente nula, já que a suspensão das atividades já estava sendo prevista desde o início da semana. Aos que procurarem o serviço, a recomendação é de que se dirijam às unidades básicas de atendimento e, para os casos de urgência, que procurem assistência na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do conjunto Pajuçara, na Zona Norte de Natal. Os internamentos infantis estão sendo realizados no Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, mediante encaminhamento médico.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed), Geraldo Ferreira, os profissionais lastimam o fechamento temporário do PS pediátrico, mas não aceitam a argumentação do Governo de que faltam médicos pediatras na rede. O líder sindical atribui à política salarial desestimulante e à falta de condições de trabalho a culpa por poucos profissionais se apresentarem às convocações da Sesap. Segundo ele, o déficit de médicos nas escalas hospitalares é generalizado e acredita que a população potiguar está "passiva quanto aos problemas da saúde pública e deveria apoiar e participar das reivindicações dos médicos em prol de melhorias", diz Geraldo Ferreira.

Maior abertura do Maria Alice é apontada como saída

A reportagem do Diário de Natal conversou com profissionais de diferentes setores do Hospital Santa Catarina para saber como eles, envolvidos diretamente na assistência à população, estavam interpretando a paralisação temporária do pronto-socorro pediátrico. Recepcionistas, técnicos e até mesmo a direção do hospital estavam descontentes com a falta de serviço, mas comentaram como uma possível solução para o público que o Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes abrisse mais suas portas. Atualmente, o hospital atende apenas mediante encaminhamentos médicos de outras unidades de saúde.

Técnicas de enfermagem de uma das enfermarias do pronto-socorro pediátrico do Santa Catarina, disseram ser comum ouvir reclamação de mães que buscam atendimento no Maria Alice Fernandes e que "dão viagem perdida". "Elas reclamam que, além do acesso ser difícil e elas não terem condições, o hospital não quer atender porque a criança não foi encaminhada por outra unidade", disse uma das técnicas que optou por não se identificar.

No PS do Hospital Santa Catarina também funciona o projeto "Classe Hospitalar", uma parceria entre estado e município, que dá assistência pedagógica às crianças internadas para que elas não se prejudiquem quando voltarem à escola. Segundo as professoras do projeto, Ana Lúcia de Souza e Marivânia Gonçalves, as internações já estavam suspensas desde o início da semana no hospital e elas aguardam um posicionamento definitivo sobre a situação para saber se a Classe Hospitalar também fechará definitivamente suas portas no Santa Catarina.

Para a diretora do hospital, Maria da Guia de Araújo Silva, se o hospital Maria Alice Fernandes passasse a receber de forma mais aberta à população, isso poderia diminuir o impacto do fechamento do pronto-socorro pediátrico de sua unidade à curto prazo. Contudo, Maria da Guia deixou claro que não compete a ela decidir sobre isso e que confia na Sesap para que até agosto haja uma solução definitiva para o déficit de pediatras na escala do Hospital Santa Catarina.

 

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