16/01/2014
16/01/2014
Após o anúncio da renovação dos contratos, por parte da Prefeitura do Natal, com hospitais privados para o encaminhamento de pacientes de ortopedia, a tão aguardada melhoria no fluxo de cirurgias ortopédicas – uma das mais altas demandas dos dois principais hospitais de trauma do Estado, Walfredo Gurgel e Deoclécio Marques – pode sofrer um ‘baque’.
No final da manhã desta quinta-feira (16), em coletiva de imprensa na sede da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), o titular da pasta, Luiz Roberto Fonseca, anunciou medidas emergenciais para garantir o atendimento em ortopedia no Walfredo Gurgel, mas que impactarão diretamente nos atendimentos da área no Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim.
De acordo com Luiz Roberto, os ortopedistas de urgência atuam na porta de entrada do Deoclécio Marques através da Cooperativa dos Médicos (Coopmed), por causa do número insuficiente de profissionais no quadro, e outros 25 médicos ortopedistas atuam no Walfredo Gurgel. Este número, segundo o secretário, seria suficiente para que dois médicos cobrissem o plantão diariamente, mas em dezembro, estes próprios profissionais pediram que o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern) determinasse três médicos por dia para o plantão, pleito que foi atendido pelo organismo de classe.
“Propusemos a ampliação do contrato da Coopmed com o Deoclécio em 25% para atender a recomendação. Só que estes próprios profissionais que pediram o plantão desta forma, se recusaram a fazer o plantão pelo valor acordado, que é de R$ 1,9 mil por plantão de 12 horas, um valor significativo e de mercado. Agora é pedido R$ 200 por hora, o que dá R$ 2,4 mil por plantão de 12 horas, mas não vamos atender este mecanismo exclusivo de pressão e de sacrifício do usuário. Não temos como atender porque além de não podermos fazer dispensa de licitação, não há recursos para fazer e o impacto financeiro é inabsorvível para a Sesap”.
Visando não comprometer o atendimento das altas demandas ortopédicas no Walfredo Gurgel, Luiz Roberto comunicou que a Sesap terá quatro linhas de atuação. A primeira será a transferência de 50% da escala de ortopedistas do Deoclécio Marques para o Walfredo Gurgel, o que vai implicar na ida de dois dos quatro profissionais que atuam no hospital em Parnamirim. Para isso, o secretário frisou que será necessária uma regulação austera na porta dos dois hospitais de trauma, que só receberão casos urgentes. A segunda medida da Sesap é o envio de um ofício ao Cremern solicitando que seja suspensa a resolução que recomenda a escala composta por três ortopedistas nos hospitais de urgência, sob a alegação da impossibilidade de atendimento até o final do mês. O terceiro ponto é o encaminhamento à direção do Walfredo Gurgel para que seja cumprida a partir do dia primeiro a chamada Portaria de Parametrização das Escalas, que prevê o cumprimento de 12 plantões, sendo sete plantões de porta e cinco na enfermaria para cada um dos profissionais. A última medida da Sesap será a abertura de uma sindicância e suspensão dos servidores da Sesap remanejados para o Walfredo e que não compareceram à Coordenadoria de Recursos Humanos, com exceção dos que se encontram de licença. Também será encaminhado ao Ministério Público, um documento com todos os pontos explicitados.
“A Sesap respeita qualquer movimento de classe em busca de melhores salários, mas não vamos tolerar medidas que visam a provocação do caos, tensionamento e desassistência da população. Seremos intransigentes na defesa do usuário do SUS”, disse Luiz Roberto.
Para Jeancarlo Cavalcanti, presidente do Cremern, falta bom senso para os plantonistas de ortopedia. “Nesta semana recebemos a ligação do secretário Luiz Roberto e nos pediram um tempo de duas semanas para organizar o atendimento e deixar dois ortopedistas por plantão. Levei o pleito ontem à noite para a diretoria e a tendência é que vamos conceder este prazo, pois entendemos a seriedade do problema. O documento oficial ainda não chegou às nossas mãos, mas devemos atender o pedido”, disse o presidente no final da manhã de hoje.
Quanto à questão do pedido dos ortopedistas para o aumento pago pelos plantões, Jeancarlo Cavalcanti explicou que o Cremern não entra nesta questão, mas acredita que o valor de R$ 1,9 mil está dentro dos valores de mercado. “Não se pode mudar as regras do jogo. Acredito que falta bom senso aos meus colegas e pode ser por desconhecimento do funcionamento da administração pública. O que é atualmente pago é um valor razoável”, concluiu.