Saúde em crédito

22/03/2013

Saúde em crédito

22/03/2013

Os profissionais de saúde no Rio Grande do Norte terão, a partir de agora, uma instituição financeira própria e exclusiva. Cinco sindicatos em saúde iniciam hoje a primeira cooperativa potiguar de economia e crédito, a CredSaúde. A iniciativa vai beneficiar 18 categorias profissionais e estudantes da área de saúde em toda a Região Metropolitana de Natal e quer ter, até o final do ano, dois mil associados.

Segundo Danielle Bezerra, diretora administrativa do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob/RN), o organismo responsável por viabilizar a instituição financeira dos servidores da saúde, a iniciativa partiu do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed). “Os médicos sindicalizados sentiam a necessidade de ter uma iniciativa de crédito própria; queriam um serviço de financiamento e atendimento exclusivo. A ideia era facilitar atividades de obtenção de crédito e empréstimo”, diz.

O embrião da cooperativa potiguar surgiu com os médicos, em 2011, mas aos poucos foi agregando outras categorias. A nova instituição, batizada de CredSaúde, que abre as portas hoje, contabiliza cinco sindicatos e 18 áreas de profissionais. Estão fazendo parte os sindicatos de Odontologia (Soern), Enfermagem (Sipern), técnicos em Radiologia (Sintar/RN) e dos servidores em saúde do Governo do Estado (Sindsaúde).

O caminho até o nascimento da instituição foi longo. O processo de aprovação do Banco Central durou quase todo o ano passado. “Tínhamos de confirmar a viabilidade do negócio. O Banco Central queria saber se Natal poderia receber uma nova instituição financeira”, lembra Danielle.

A finalidade da instituição é ofertar um diverso quadro de serviços financeiros. Isso, claro, beneficiando apenas os cooperados. “Estamos oferecendo serviços de crédito e controle acionário, títulos e valores, plano de previdência complementar e consórcios. São serviços exclusivos para quem é associado e trabalha na área da saúde”, comenta.

A cooperativa funciona como um banco, com gestão própria, e que terá de prestar orientação financeira aos seus associados através de profissionais altamente qualificados da área financeira. Os associados podem obter crédito pessoal, sem o excesso de burocracia dos bancos convencionais, realizar as aplicações com segurança e eficiência, e até mesmo receber os vencimentos através da instituição. Além disso, também se pode fazer financiamento, aplicações, abrir conta corrente, ter cartão de crédito, cheque especial e seguro patrimonial.

Estes serviços, no entanto, não vão beneficiar apenas trabalhadores já estabilizados, afirma Bezerra. “A cooperativa também vai abrir espaço para estudantes da saúde. Queremos beneficiar desde alunos de cursos técnicos aos de superior”, explica.

A cooperativa, nos dois primeiros anos, terá atuação na Região Metropolitana de Natal. A partir de 2016, a intenção é expandir para todo o Rio Grande do Norte. Somente este ano, a expectativa é alcançar dois mil associados. “Mas temos um campo muito vasto para trabalhar. Nossa estimativa é que existam, hoje, 40 mil trabalhadores em todo o Estado”, afirma Danielle Bezerra.

O estatuto do CredSaúde, firmado no fim do ano passado, conta com cinco sócios presidentes – representantes dos cinco sindicatos envolvidos – e outros 38 sócios fundadores. O trabalho do Sicoob, explica Bezerra, é dar o suporte técnico e administrativo à cooperativa. “Os associados da instituição, além dos produtos e serviços financeiros, também são os donos do negócio”, detalha.

A partir de segunda-feira (25) serão abertas as inscrições para se tornar associado. Para se inscrever é simples. O profissional deve comprovar atuação e levar a documentação pessoal (CPF, RG e comprovante de residência). Além disso, para confirmar a associação se deve pagar uma parcela de recursos, a chamada “Quota Parte”. Este recurso, aliás, forma o capital social da CredSaúde.

Cota de participação vai de R$ 150 a R$ 1 mil

Segundo o médico Manoel Marques de Melo, presidente do conselho administrativo do CredSaúde, a cota de financiamento varia de acordo com o nível acadêmico do associado. O valor pode ser de R$ 150 para estudantes, R$ 500 para técnicos e de R$ 1 mil para profissionais com diploma universitário, como médicos e dentistas.

A “Quota Parte” pode ser parcelada em até 10 vezes. “Esta cota é um investimento. O profissional pode adquirir mais de uma se quiser. É que todo o lucro auferido é compartilhado entre os associados”, explica Manoel Marques.

O médico afirma que o grande benefício da instituição é ter um caráter social. “Tudo o que for conseguido com o trabalho da cooperativa será nosso. O lucro obtido, ao fim de cada ano, será dividido entre os associados. A nossa instituição não vai enriquecer um pessoa, mas compartilhar tudo aquilo que foi ganho. Mas, é claro, que em caso de prejuízo, todos perdem”, avalia.

Marques afirma ainda que todas as taxas de juros – empréstimos, crédito e cheque especial – serão menores que as instituições financeiras tradicionais. “Esta é uma das nossas formas de atrair mais associados”, conta. Ainda hoje, a direção da cooperativa deve se reunir para definir os valores que serão cobrados.

Em outras cooperativas, a taxa mínima de capital de giro é de 1,2% ao mês, com prazo de até 24 meses para pagar. Atualmente, entre os bancos atuando em Natal, as taxas variam entre 3% e 5%.

O médico também comemora a expansão dos serviços do Sinmed. Hoje, além da assistência jurídica, contábil e dos diversos serviços ofertados aos sindicalizados, a entidade conta agora com uma ferramenta que vai garantir um atendimento financeiro aos seus associados, com ferramentas de crédito e de finanças que não existem nas instituições tradicionais. “Temos um sindicato mais completo e que está ajudando toda a classe trabalhadora do Rio Grande do Norte”, finalizou. 

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