03/01/2011
03/01/2011
Representantes da saúde esperam investimentos prioritários para o setor logo no início do Governo Rosalba. Por ser médica, eles entendem que a governadora eleita deve colocar a saúde em primeiro plano, considerando-se ainda que há uma crise instalada na rede estadual de assistência.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos (Sinmed), Geraldo Ferreira, a população não pode esperar Rosalba “limpar a casa” para somente depois pensar na saúde. Além disso, ele indica que os próprios profissionais que trabalham nos hospitais – alem dos sindicatos (Sinmed e Sindsaúde) devem pressionar por melhorias na rede.
“Logo nos primeiros dias de governo, já esperando ouvir propostas e ver melhorias sendo implementadas”, diz. Atualmente, segundo Ferreira, a saúde se encontra em situação delicada. Conforme relatou, há sérios problemas de pagamento às cooperativas médicas e de encerramento de contratos temporários.
Um exemplo é o dos médicos do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que inclusive ameaçaram deflagrar greve às vésperas do Natal. Diante da situação, no entanto, a atual administração quitou a dívida e os profissionais locados no Samu puderam voltar ao trabalho.
Na semana do Ano Novo, mais precisamente na terça-feira (28), outra questão semelhante. Os médicos conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) anunciaram paralisação dos serviços por tempo indeterminado. O motivo é o mesmo: falta de pagamento.
A dívida já ultrapassa R$ 2,2 milhões, e nela está incluída os aumentos de 20% para os meses de setembro e outubro autorizados pela Secretaria Estadual de Saúde. Segundo divulgado pela Coopmed (Cooperativa dos Médicos do RN), havia sido pedido prazo até dia 30 de novembro para regularizar a situação. Depois disso, no entanto, o prazo foi postergado para 10 de dezembro.
Diante da falta de avanços, a categoria decidiu pela paralisação dos serviços. Quem sabe haja maiores chances de negociação com a nova administração.
Além disso, Geraldo Ferreira afirma que o sistema privado que presta serviços ao Estado – Liga contra o câncer, Hospital Infantil, assistência ortopédica – e mesmo o Hospital Ruy Pereira, recentemente inaugurado para aliviar o Walfredo Gurgel, se encontram sem pagamento.
Mesmo o Walfredo, o maior hospital do estado, está subdimensionado. “O Walfredo foi criado quando a população era de 300 mil habitantes. Agora, temos 800 mil pessoas vivendo na cidade, um milhão se considerarmos toda a Grande Natal”, critica. Ele aponta, então, que a construção de um outro hospital de atendimento de trauma deve constar dentre as providências do Governo.
Plantonista do hospital, Geraldo Ferreira conta que os corredores da unidade estão lotados por macas. Além do HWG, o Santa Catarina na Zona Norte concentra a assistência na capital potiguar quase em sua totalidade.
Os salários também sofreram atraso nos Hospitais Regionasi, que estão desativados por falta de estrutura e pessoal. Os médicos ali locados já decretaram que não trabalham mais a partir do último dia do ano, sexta-feira (31).
Diante da situação, o médico prevê que – a despeito das medidas emergenciais adotadas logo no início da administração – os três primeiros meses sejam conturbados. Neste tempo, um dos maiores desafios será colocar os hospitais regionais – 23 em todo o estado – para funcionar. De acordo com Geraldo Ferreira, eles precisam ser aparelhados e ter sua infra-estrutura melhorada.
Já em Natal, as medidas devem contemplar a construção de novo hospital de trauma. Para o presidente do Sinmed, outra prática polêmica das unidades já existentes é a triagem de pacientes, o que, segundo ele, não resolve o problema da superlotação.
Suas considerações, até certo ponto, são contempladas pelo Plano de Governo de Rosalba. Uma das primeiras propostas apresentadas por ela diz respeito aos hospitais regionais. Lá, ela afirma que vai “dotar todos os hospitais regionais de especialistas para atendimento ambulatorial (cardiologia, ginecologia, pediatria, urologia, neurologia, endocrinologia, angiologia, cirurgia vascular, oftalmologia, otorrino), conforme a estratégia de regionalização definida para cumprir o objetivo de atendimento de toda a população”.
Isto e “dotar esses hospitais de uma estrutura mínima de exames básicos e de média complexidade: exames laboratoriais, raio-X, endoscopia”.
Também consta no Plano de Governo apoiar a reestruturação e ampliação do Hospital dos Pescadores, para que ele possa funcionar como hospital geral e de emergências. Há também intenção de fortalecer o Hospital da Polícia Militar, para que auxiliar o atender à demanda reprimida por cirurgias eletivas.
Outro ponto importante mencionado no plano é a habilitação de mais leitos de UTI geral, pediátrica e neonatal junto ao Ministério da Saúde.