Religião na vida pública – Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

31/08/2016

Religião na vida pública – Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

31/08/2016

Ludwig Feuerbach foi praticamente o criador do ateísmo moderno. Em seu livro A Essência do Cristianismo, ele tentou demonstrar que a religião nada mais era do que a projeção do homem em um Deus com as qualidades humanas. O cume disso seria a encarnação de Deus em um homem, Jesus Cristo. Então, o mistério da teologia era a antropologia. Para Feuerbach, a religião seria substituída pelo humanismo ateu. Para Marx, o substituto seria o socialismo ateu e para Freud a ciência ateia. No seu livro O Cristianismo, Hans Küng mostra que esses prognósticos é que se revelaram inexatos. Na verdade foi a fé na bondade da natureza humana que se revelou uma projeção, uma fantasia dos românticos, derivada de Rosseau, a fé na sociedade socialista por vir mostrou-se uma ilusão, substituída por miséria, totalitarismo e extermínio em massa, e a fé na ciência racional apareceu como uma perigosa ilusão, capaz de levar ao extermínio dos humanos. No avanço do ateísmo sobre a religiosidade, trava-se a mesma luta política da busca do poder, com a esquerda defendendo neutralidade social, cultural, sexual, moral e religiosa, mas com controles na política econômica, confrontando seu oposto Conservador que defende liberdade econômica, com comprometimento com valores morais, culturais e religiosos. Questões importantes têm confrontado os dois lados como aborto, células troncos, casamento entre pessoas do mesmo sexo, permissividade moral, liberdade e propriedade privada. John Rawls reconheceu que as pessoas não vivem sem convicções morais, filosóficas ou religiosa, ou sem determinados apegos e lealdades duradouros. Audoux Huxley, no livro A Situação Humana, nomeia o que a religião traz ao homem, amor, alegria, paz, capacidade de ajudar aos outros, superação do medo da morte, sentimento de comunhão com o princípio absoluto, aceitação do sofrimento, desejo de aliviar o sofrimento alheio, unidade e solidariedade com o mundo, compaixão. Grande parte da nossa lei é a codificação da moralidade, fundamentada na tradição judaico cristã. Kant alertava, se a moral cristã for descartada não espere coisa boa. A argumentação que prediz o fim da religião busca colocar no lugar da religião e da igreja o materialismo político. Afastar princípios, costumes e religião da vida pública, suprimindo as divergências morais, levam segundo Michael J. Sandel, no seu livro Justiça, a um discurso empobrecido, preocupado apenas com o que é escandaloso, sensacionalista e trivial.

 

*Artigo de Geraldo Ferreira, presidente do Sinmed RN, publicado no Novo Jornal, dia 31/08/2016.

 

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