27/11/2013
27/11/2013
Os serviços pediátricos do Pronto Socorro Infantil do Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, e do Hospital José Pedro Bezerra (Santa Catarina), na zona Norte de Natal, estão com os dias contados. Diante do quadro deficitário de pediatras para completar as escalas médicas para garantir os serviços e pela necessidade de abertura de serviços de alta complexidade na área de pediatria, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) decidiu fechar os dois serviços. No Hospital Deoclécio Marques de Lucena, o atendimento pediátrico será realizado até a próxima sexta-feira (29). No Hospital Santa Catarina, apesar da escala do mês de dezembro ainda estar incompleta, o atendimento será fechado a partir do dia 1º de janeiro de 2014. Os pediatras que hoje trabalham nos dois hospitais serão transferidos para os hospitais Maria Alice Fernandes e Monsenhor Walfredo Gurgel.
A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde Pública informou que a decisão de fechamento das duas unidades de pronto socorro infantil foi necessária diante da carência de profissionais pediatras na rede estadual de saúde, o que estava comprometendo não apenas os serviços nos hospitais, mas também a abertura de novos serviços de alta complexidade, como novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica e Neonatal. O fechamento dos serviços também é fruto do redimensionamento dos serviços pediátricos realizado pela Sesap, de modo a priorizar o modelo de hierarquização do SUS, em que cada ente federativo deve assumir sua responsabilidade, de modo a garantir o atendimento à população.
A medida, segundo a assessoria de imprensa, fará com que o Governo do Estado garanta serviços de excelência na alta complexidade pediátrica, uma vez que os serviços ambulatoriais e de pronto socorro são de responsabilidade dos municípios.
O secretário estadual de Saúde Pública, Luiz Roberto Fonseca, já entrou em contato com os secretários municipais de Saúde de Natal e Parnamirim, a fim de informar a respeito da decisão. A expectativa é que a abertura das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Cidade da Esperança, em Natal, e Nova Esperança, em Parnamirim, possam absorver a demanda. A SMS prometeu abrir a UPA de Cidade da Esperança até o final deste mês. A UPA de Parnamirim não há previsão de abertura. Enquanto isso, os serviços deverão ser remanejados para o Pronto Socorro Infantil Sandra Celeste, que deve ficar responsável pela demanda da Grande Natal.
A diretora do Hospital, Elizabeth Carrasco, explicou que o atendimento pediátrico realizado no hospital é, em sua maioria, de baixa complexidade, que poderia ser resolvido na atenção básica ou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ela relata que poucos casos de média e alta complexidade são atendidos no Hospital Deoclécio Marques, como crianças com crise convulsiva ou vítima de afogamento. “O volume de atendimento não é grande. O próprio Samu não encaminha as crianças para cá, pois não temos como interná-las, não temos UTI infantil, nem tampouco um centro cirúrgico infantil”, explicou Elizabeth Carrasco. Hoje, o hospital conta com oito pediatras.
De acordo com o senso estatístico do Hospital Deoclécio Marques de Lucena há uma média de 1.100 atendimentos pediátricos por mês, o que dá uma média de pouco mais de 30 crianças por dia. Números que são considerados baixos pela diretora do Hospital. O setor de Pronto Socorro Infantil do Hospital Deoclécio Marques há meses vem sendo, aos poucos, desestruturado. O setor contava com duas salas de consultório infantil, uma recepção e uma sala de observação, com dez leitos. Hoje, a unidade conta apenas com uma sala de consultório e outra de observação, com apenas dois leitos e uma maca de medicação, que, por vezes, estava sendo utilizada como leito de observação.
Desde a noite de ontem, os pediatras já estão deixando de receber os pacientes, com exceção dos casos mais graves, haja vista que não há mais local para observação. Na manhã de hoje (26), apenas duas crianças estavam em observação: uma com crise de asma e outra da ortopedia. O setor não conta com um banheiro especifico. Caso as crianças necessitem utilizar o banheiro terá que dividi-lo com os adultos.
Ortopedia
A diretora Elizabeth Carrasco conta que o grande fluxo de pacientes ortopédicos que dão entrada no Hospital Deoclécio Marques de Lucena tem mantido o Hospital em um quadro de superlotação constante. Na manhã de hoje, havia 25 pacientes internados nos corredores, além dos 36 pacientes internados nos leitos de enfermaria. A maioria, a espera de cirurgia eletiva. “O número de pacientes encaminhados é muito alto e não conseguimos dar uma rotatividade como desejávamos”, afirmou.
Diante desse cenário, a direção do Hospital irá incrementar a terceira sala do centro cirúrgico com a contratação de mais um anestesista, por meio da Cooperativa dos Anestesistas do RN (Coopanest), para dar suporte às cirurgias eletivas. “Temos apenas dois anestesistas, um para cirurgia geral da urgência e outro para ortopedia. Se tem cinco cirurgias agendadas da eletiva e chega uma fratura exposta ou outra de grande porte, praticamente durante a manhã toda não é realizado nenhuma eletiva. Ontem à tarde, por exemplo, não foi realizada nenhuma cirurgia eletiva. Com o novo anestesista, que deve chegar a partir de 1º de dezembro, as cirurgias de pequeno e médio porte terão uma resolutividade melhor”, afirmou Elizabeth Carrasco.
Por dia, são agendadas uma média de seis a oito cirurgias eletivas.
As cirurgias de grande porte são realizadas no Hospital Memorial, mas como a prioridade de transferência são os pacientes oriundos do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, nos últimos dias, poucos pacientes tem sido transferidos do Deoclécio Marques. O Hospital Médico Cirúrgico e a Policlínica Paulo Gurgel não estão recebendo pacientes do Deoclécio Marques.
Fonte: O Jornal de Hoje