03/12/2013
03/12/2013
Ao avaliar a atuação do governo Rosalba Ciarlini (DEM) no setor de Saúde, o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, classificou como uma “destruição sistemática dos serviços existentes”. Em entrevista ao “Jornal da Cidade” (94 FM), ele citou os fechamentos de serviços de pediatria do Hospital Deoclécio Marques (Parnamirim) e as tentativas do governo de fechar também os serviços de pediatria dos hospitais Walfredo Gurgel e Santa Catarina (Zona Norte).
“Qual é o argumento para se fechar esses serviços de pediatria que o Estado tem? Que a responsabilidade é do município. Pois bem. E se você fecha, quem vai atender? E o povo desassistido, a quem cabe a responsabilidade?”, questionou, durante entrevista.
Ao falar sobre a política da presidente Dilma Rousseff para o setor, o presidente da Fenam não foi menos duro. Ele disse que o Congresso Extraordinário Charles Demian, que ocorreu no Rio de Janeiro entre os dias 29 e 30 de novembro, e que comemorou os 40 anos da Fenam, foi marcado pelo afastamento definitivo da classe médica brasileira com o governo federal.
“O Congresso da Federação Nacional dos Médicos jogou definitivamente a Federação na alinha de confronto com o governo. Nós vamos fazer oposição ao governo Dilma, nós vamos fazer oposição ao ministro Padilha (da Saúde) por termos identificado como destruidores da saúde pública brasileira e como inimigos dos médicos brasileiros. Essa foi uma decisão difícil, dura, no voto, com uma maioria pequena, mas expressiva”, disse.
A partir desse rompimento com o governo federal, a Fenam planeja lançar candidaturas do movimento sindical para disputar nas eleições de 2014, que serão realizadas para a escolha de deputados estaduais, federais, senadores e governadores. “O Rio Grande do Norte deverá ter suas candidaturas, a Paraíba, Pernambuco, Brasília; já temos candidaturas estimuladas em vários estados, pois os médicos compreenderam que precisam ter uma atuação política definida em defesa da saúde pública brasileira, que está em um processo de destruição pelo governo federal”, ressaltou Ferreira.
No entanto, ele esclarece que essas candidaturas não ocorrerão na forma de financiamento de campanhas pelos sindicatos médicos – o que é proibido por lei – mas no sentido de “uma posição moral dos médicos contra o governo federal”. Ele acrescenta ainda que as candidaturas apoiadas pela Fenam serão financiadas pelos próprios médicos e ainda que serão candidaturas de todas as naturezas, mas que “o parlamento é um dos objetivos principais”.
“Médicos cubanos farão política para a presidente Dilma”
A segunda etapa do programa “Mais Médicos” faz chegar ao Rio Grande do Norte, a partir desta segunda-feira 2, cerca de 90 médicos estrangeiros. O programa faz parte de um pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), que prevê mais investimentos em infraestrutura dos hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profissionais. Mas de acordo com o presidente da Fenam, o verdadeiro objetivo da vinda desses profissionais ao Brasil é político e tem como principal beneficiada a presidente Dilma Rousseff: “Eles (os médicos estrangeiros) vieram aqui para o Brasil para fazer política para a presidente Dilma Rousseff”.
Geraldo Ferreira alerta ainda para o risco que as populações que serão assistidas por esses profissionais correm ao serem atendidas por médicos com, segundo ele, uma formação duvidosa. “O programa é uma fraude imensa do ponto de vista trabalhista e é uma enganação para a população. Eu tenho muito dó dessas populações que vão ser jogadas nas mãos de médicos que não sabemos especificamente a sua qualificação. O curso de medicina em Cuba é um curso que não se aproxima sequer do curso de enfermagem no Brasil; é um curso de dois anos e meio”, alerta.
Geraldo diz que há uma série de irregularidades permeando a vinda dos médicos estrangeiros para o Brasil. Uma delas é a intermediação feita pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), órgão que não possuiria legitimidade para essa realização e que ainda está recebendo R$ 25 milhões do governo federal para fazê-la.
Outra irregularidade constatada por ele é o valor recebido pelos médicos, quantia que é bem abaixo do valor que é repassado pelo governo brasileiro. “O governo federal repassa R$ 10 mil por cada médico, que ao final receberão menos de R$ 1 mil. Então há um desvio escandaloso de mais de R$ 9 mil por cada médico. Suspeita-se que seja para pagar obras de infraestrutura que estão sendo feitas em Cuba por empreiteiras brasileiras, que certamente voltarão no formato de financiamento de campanhas em 2014”, diz.
O presidente da Fenam denuncia ainda que os médicos cubanos chegam ao Brasil “submetidos a um regime militar. Eles não podem abrir a boca, não podem falar com a imprensa, não podem denunciar pelas condições de trabalho; eles vêm sob a tutela da ditadura”. Geraldo detalha que a desigualdade a que os cubanos são sujeitos no Brasil se dá na forma de acesso limitado à internet (rede liberada apenas para alguns sites), recebem salários abaixo do que os outros médicos recebem e não podem denunciar as condições de trabalho encontradas no país, sendo submetidos ainda a um supervisor militar que fica responsável por um número determinado de médicos. “É uma vergonha que o Brasil tenha adotado esse modelo. No regime a que eles estão submetidos eles não podem nem sair depois das 18h de suas moradias sem avisar ao seu supervisor”.