Tivemos nessa semana que passou uma amostra do que serão os médicos na campanha de 2014. Na inauguração oficial do primeiro estádio este ano, em Natal, os médicos, junto aos sindicatos da saúde e da segurança, mais uma parte da população, foram às ruas para confrontar o governo Dilma, e também o governo de Rosalba, numa clara demonstração de seu posicionamento no processo eleitoral. Agredidos, espezinhados, achacados, difamados ao longo de 2013, numa campanha nunca vista contra uma categoria profissional no Brasil, os médicos que lutaram destemidamente em 2013 contra os desmandos na saúde e a exploração politiqueira do governo Dilma da prestação de assistência, numa área onde os acordos internacionais proíbem o uso político, mostram que não ficaram cansados nem se sentem derrotados com os reveses do ano passado e a enxurrada de cubanos que o governo trouxe para serem cabos eleitorais da campanha presidencial.
A Federação Nacional dos Médicos está percorrendo o Brasil e aonde chega o clamor dos médicos é o mesmo. Médicos brasileiros estão sendo demitidos para dar lugar aos cubanos, os hospitais estão sucateados, as condições de trabalho são deprimentes, os salários são aviltantes, chegando ao extremo de um médico brasileiro concursado no governo do RN, por exemplo, iniciar sua vida profissional com um contrato de 40 horas recebendo cerca de 4 mil reais, um residente, em especialização, 2 mil e poucos reais, enquanto os intercambistas do mais médicos recebem para 30 horas semanais 10 mil, mais auxílio moradia e alimentação, mais um valor para pagar uma previdência como autônomo. Os internamentos nos corredores persistem, persiste a falta de exames, de equipamentos, há filas de meses para consultas de especialistas e cirurgias, faltam leitos de UTI, calcula-se um déficit de quase 200 mil leitos hospitalares no país. É por isso que, indignado com a propaganda sobre a Copa das Copas, o Brasil sedia neste 2014, um cidadão indagava, sem resposta da Presidente no Twitter – Quando teremos o País dos países? Na verdade é esse que nos interessa um País melhor, mais desenvolvido, que respeite o seu povo, que garanta seus direitos, entre eles a assistência à saúde, tão precária.
Os Médicos participarão ativamente das eleições 2014, seja como candidatos, seja apoiando candidatos, seja promovendo debates, seja tentando incluir nos planos de governo a defesa intransigente de uma assistência digna à saúde da população brasileira. Esse sentimento é visível em todo País. Sente-se que a categoria sai da acomodação e vai à arena política para dizer que quer participar do jogo, e suas opiniões precisam ser ouvidas e levadas em conta. Muito se tem perguntado sobre qual seria a influência dos médicos no processo eleitoral. Em entrevista ao Brasil Post, um jornal a ser lançado agora em 28 de janeiro, numa parceria entre a editora abril e o Washington Post, eu fiz uma conta simples – temos 400 mil médicos e cerca de 100 mil entre residentes e estudantes. Somos mais de 500 mil. Só contando o ambiente familiar teríamos uma influência em 5 milhões de voto. Um médico com poucos anos de profissão tem rapidamente em seus cadastros de atendimento o número assombroso de 10 mil pacientes. Usando conservadoramente a possibilidade de um médico poder ter uma área de influência sobre cem pessoas teríamos da categoria médica a influência sobre cerca de 50 milhões de voto. Por termos essa força política tentam nos vilipendiar, atacar, achacar como racistas, xenófobos, egoístas, ricos que não querem trabalhar nas regiões pobres do país. Mas a realidade é o fato que não pode ser desconsiderado, o nosso poder político é muito grande. Cabe-nos saber utilizá-lo.

Dr. Geraldo Ferreira – Pres. Fenam e Sinmed RN 

Editorial publicado no Novo Jornal, dia 26/01/2014.