Neurocirurgiões ameaçam com paralisação

13/12/2010

Neurocirurgiões ameaçam com paralisação

13/12/2010

Os neurocirurgiões ligados à Clineuro, que atuam no Hospital Walfredo Gurgel e no Hospital Tarcísio Maia, deram um ultimato ao Governo do Estado. Ou recebem os salários referentes a quatro meses de atraso ou irão parar o trabalho a partir do dia 20 de dezembro. A decisão foi informada à Secretaria Estadual de Saúde, Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público, através de ofício, na tarde de ontem. O atendimento em neurocirurgia nos dois hospitais em questão depende dos profissionais da Clineuro.

O atraso no pagamento dos neurocirurgiões está no quarto mês, no Hospital Tarcísio Maia, e em três meses no Hospital Walfredo Gurgel. O temor dos médicos é não receber até dezembro e depender da abertura do orçamento de 2011 para ter os salários pagos. “Se atrasar como em 2010, poderemos chegar a seis meses de atraso”, explica o diretor administrativo da Clínica de Neurocirurgiões, Kurt Mendonça. Como se sabe, o Governo do Estado passa por um momento financeiro difícil. A equipe de transição de Rosalba Ciarline anunciou ontem que o déficit na área da saúde está em R$ 178 milhões. Essa é a área mais problemática.

Para além das dificuldades financeiras do Governo do Estado, uma possível paralisação dos profissionais da Clineuro colocaria o funcionamento dos dois maiores hospitais de Natal e Mossoró, respectivamente, em dificuldades. No Walfredo, há apenas seis neurocirurgiões do quadro funcional. Já em Mossoró não há nenhum. Dos 22 especialistas na área em atuação na rede estadual, 16 são vinculados à Clineuro. “A paralisação desse serviço inviabilizaria o atendimento de neurocirurgia nos hospitais públicos citados. Teríamos uma escala bastante deficiente”, explica Luciano Araújo, chefe da neurocirurgia do Walfredo Gurgel.

O diretor administrativo da Clineuro disse não poder precisar a quantidade de cirurgias realizadas todos os meses nos dois hospitais, mas, tendo em vista o crescente número de acidentados de motos e vítimas de violência urbana, afirma ser uma quantidade “substancial”. “Devemos fazer seguramente mais de 200 procedimentos todos os meses. É muito difícil que um hospital como o Walfredo Gurgel funcione sem a neurocirurgia”, aponta.

Além de tratar as vítimas de acidentes, quedas de nível, violência urbana, acidentes vasculares cerebrais, entre outros, os neurocirurgiões são responsáveis por atestar os casos de morte encefálica. Por isso, somente com a presença desse especialista é possível dar seguimento ao processo de transplantes de órgãos. No Walfredo Gurgel, funciona a mais importante Central de Transplantes do RN. “A parte dos transplantes ficaria totalmente paralisada”, explica Luciano Araújo.

O contrato da Clineuro com a Secretaria Estadual de Saúde existe há três anos. Recentemente, foi renovado por mais um ano, com uma cláusula que permite outras renovações por até cinco anos. Segundo Luciano Araújo, o contrato foi feito a partir de licitação, recomendada pelo Ministério Público. “Trata-se de um contrato antigo, uma despesa facilmente prevista. Não há justificativa para esse atraso todo”, resume Kurt Mendonça.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou falar com a Secretaria Estadual de Saúde, mas, segundo a Assessoria de Imprensa do órgão, o secretário George Antunes estava numa reunião com o governador Iberê Ferreira e não poderia dar informações sobre o caso.
 

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