Médicos protestam contra redução de vencimentos

13/06/2012

Médicos protestam contra redução de vencimentos

13/06/2012

Médicos do Estado e federais realizaram na manhã de hoje, na Praça 7 de Setembro, na Cidade Alta, em frente à Assembleia Legislativa, uma mobilização contra a MP/568 2012, que interfere na remuneração e desfigura a jornada de trabalho dos profissionais, reduzindo os salários em até 50% e alterando os adicionais de insalubridade e periculosidade.

Os médicos do Estado estão em greve há 40 dias e entre as principais reivindicações estão à incorporação da gratificação de alta complexidade para todos os médicos, Piso Fenam, criação de uma gratificação de plantão para unidades de saúde de 24 horas, condições de trabalho nas unidades da SESAP, e posição contrária à terceirização proposta nas unidades estaduais. Outro ponto apontado pelos profissionais é a falta de abastecimento dos hospitais e unidades de saúde.

De acordo com Arildo Holanda, médico da Maternidade Januário Cicco, a mobilização de hoje segue uma paralisação nacional. “Hoje será uma parada simultânea em todos os estados contra a MP 568. Esta medida começa com benefícios para várias categorias, mas o principal alvo são os médicos. A MP passa por cima de leis e direitos adquiridos e elege como ‘bodes expiatórios’ os médicos, que estão diretamente em contato com a população. Seria bom que as pessoas que idealizaram a MP vivenciassem o dia a dia de um médico num hospital ou unidade de saúde para ver as precárias condições, serviços sucateados e improvisações”, disse.

Ainda segundo Arildo Holanda, o Governo Federal tem uma política voltada para a privatização, não realização de concursos públicos e entrada de médicos estrangeiros no País. “O Brasil não tem necessidade de profissionais médicos. O País tem 1,9 médicos para cada mil habitantes, quando a Organização Mundial de Saúde exige 1 médico para cada 1.000. O que existe é má distribuição. Os médicos não vão para o interior porque não têm condições de trabalho”, afirmou.

Já Marcelo Freire, médico do Hospital Universitário Onofre Lopes, diz que a MP 568 também traz grande prejuízo aos médicos que estão prestes a se aposentar. “Quem está sendo mais prejudicado são os médicos que estão se aposentando. A MP é uma medida unilateral e arbitrária, não houve nenhum fórum e nenhuma consulta à categoria. É uma pena estarmos discutindo essa MP, quando o certo era estamos discutindo a qualidade do serviço prestado e a qualificação do profissional”.

Na última semana, uma comitiva de médicos do Rio Grande do Norte, junto com representantes de médicos federais de todo o País, esteve em Brasília participando de uma reunião com o senador Eduardo Braga – relator da MP 568 -Arlindo Chinaglia, líder da bancada do Governo na Câmara e integrantes do Ministério do Planejamento. Segundo Geraldo Ferreira, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed), a orientação do relator foi que a categoria continue as mobilizações. “Nos recomendaram que não fossem paradas a mobilizações já que o Governo segue um jogo de pressão e se houver pressão que mobilize as bases, a MP deverá ser revista”.

ESTADO

De acordo com Geraldo Ferreira, cerca de 350 médicos do Estado estão em greve. A última proposta do Governo ofereceu um aumento de 7% em duas parcelas, sendo 3,5% no mês de setembro e 3,5% em dezembro. “A categoria rejeitou a proposta e sem condições de trabalho não há como seguir. No Hospital Ruy Pereira, por exemplo, que está abrigando os pacientes de UTI do Hospital Giselda Trigueiro, os pacientes estão à míngua e é uma mistura de pacientes com tuberculose, dengue, pneumonia, tétano. Recentemente em Vitória (ES), a direção do hospital público São Lucas transferiu os serviços para o Hospital da PM por falta de condições de trabalho e o Governo acabou comprando um terreno ao lado e a estrutura será duplicada. Acredito que a solução para o Walfredo seria como esta”.

Além dos médicos, a mobilização reuniu estudantes de Medicina. Felipe Marinho, que cursa o quarto período na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), contou que a postura do Governo Federal contra os médicos acaba afetando todo o sistema. “Estão pauperizando a saúde pública. Acabam de abrir 2.400 vagas em cursos de Medicina privados e querem revalidar diplomas. Pelo que estamos passando atualmente vemos que é difícil implementar a metodologia do SUS e quem a sendo prejudicada é a população”.

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