Médicos do Tarcísio Maia paralisam as atividades a partir de amanhã

30/11/2011

Médicos do Tarcísio Maia paralisam as atividades a partir de amanhã

30/11/2011

O problema com os plantões extras dos médicos do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) ainda vai levar alguns dias para ser resolvido. Os profissionais prometem não realizar os serviços adicionais a partir de amanhã, 1º de dezembro. A direção da unidade hospitalar está viabilizando o pagamento dos meses atrasados até o dia 20.

Os médicos de diversas especialidades não estão recebendo pelos serviços prestados desde o mês de agosto. "Qual o profissional que trabalha quatro meses sem receber?", questiona a anestesiologista Lana Lacerda acrescentando que, sem receber, nenhum médico se propõe a fazer plantão extra a partir de amanhã.
Os cirurgiões compartilham da mesma ideia. "Nós vamos cumprir apenas a carga horária normal. Ninguém vai dar mais plantão extra", ressalta o cirurgião Haroldo Duarte.

Além da falta de pagamentos, o baixo número de profissionais cria dificuldades para o fechamento da escala médica. Os nove anestesiologistas ficarão divididos em dois por escala, mas nem todos os dias. O número ainda pode diminuir, pois há férias e licenças que os médicos podem tirar. Da forma como foi planejado, em dezembro 10 dias ficarão sem o especialista nos horários excedentes.

A médica Lana Lacerda explica que existe um limite de horas para que o profissional cumpra. Ela informa que, mesmo que o profissional queira, ele não pode ficar mais dias na escala normal. "Para não deixar os outros dias sem é que existem os plantões extras – estes que não estão sendo pagos", disse.
Situação complicada vive a cirurgia. Dos cerca de 20 médicos, cinco desfalcarão a equipe por conta de licença médica, licença prêmio e férias. "Isso sem contar os que saíram porque não estavam recebendo", adiciona Haroldo Duarte.

Segundo o cirurgião, já a partir de sexta-feira, 2, os reflexos negativos serão sentidos nas escalas extras do hospital. "Sexta de dia tem cirurgião, já de noite não tem. Esse esquema se repetirá em outros dias. Vai ficar muito complicado", alerta.

SOLUÇÃO — Na semana passada, a direção do HRTM se reuniu com representantes da Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESAP) em Natal para discutir a situação.

O diretor técnico da mais importante unidade hospitalar do interior do Estado, Diego Dantas, explicou que a burocracia está impedindo o pagamento aos médicos. "O hospital estava contratando as clínicas que prestam serviço sem licitação, pois há uma carência dos profissionais e havia orçamento disponível. Só que há diversos impedimentos jurídicos e burocráticos no processo que impedem que o contrato continue a ser feito", informa.

O problema foi levado ao Governo do Estado e uma primeira solução foi escolhida. "O hospital vai dispensar os R$ 600 mil que a Secretaria iria usar para pagar os médicos e a própria Secretaria vai depositar o valor em uma conta da Prefeitura de Mossoró para que ela repasse aos médicos os plantões atrasados desde agosto. Dessa forma deixa de ser um contrato e passa a ser um convênio que é bem menos burocrático e mais rápido para fazer os pagamentos", explica Diego Dantas.

No dia 7 de dezembro haverá outra reunião entre os representantes do HRTM e do Governo. Do encontro deverá ser publicada uma portaria autorizando a transferência dos recursos. Após a confirmação, a Prefeitura de Mossoró deverá fazer o repasse. "Acredito que até o dia 20 os pagamentos já tenham sido feitos", completa Diego Dantas, acrescentando que uma possível convocação dos médicos aprovados no último concurso tende a resolver de vez o problema. A convocação está prevista para o início de 2012.

Uma vez pago os atrasados, nos meses seguintes, a Sesap continuará fazendo o repasse à municipalidade. O prazo previsto para a quitação dos atrasados não anima os médicos. "Não acreditamos mais em promessas", disse Lana Lacerda. Haroldo Duarte completa que "só de boca não vale".

PALIATIVO — Caso não haja acerto com os médicos, o diretor técnico do HRTM, informa que a unidade hospitalar está buscando alternativas para não deixar as escalas incompletas. "Outra alternativa é o hospital oferecer o ‘Plantão Eventual’ que permite a todo profissional do funcionalismo público poder cumprir a mais na carga horária. Só que há um problema e um impasse: o valor do ‘Plantão Eventual’ é menor que o plantão extra", informa Diego Dantas. 

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