30/03/2011
30/03/2011
Em assembléia geral ontem, 29, os médicos de Natal definiram que vão enviar ofício à Prefeitura com suas reivindicações e na próxima terça (5) voltam a se reunir em assembléia na qual poderão retirar um indicativo de greve.
Os encaminhamentos da assembléia foram definidos após a discussão dos principais pontos da pauta como: o atraso no pagamento, que este mês deveria vir com um aumento de 35%, sancionado através da implantação do PCCV em dezembro passado, condições de trabalho e o ponto eletrônico.
Durante a assembléia os médicos expuseram a situação mais critica para o momento: o desabastecimento geral das unidades de atendimento do município. Segundo uma médica da maternidade das quintas, que preferiu não se identificar, falta de tudo. “É um absurdo faltam os medicamentos básicos, coletor,gase, fio, água para os pacientes. Chegamos ao ponto em que a paciente tem que vir de casa com os anestésicos na mão para fazer uma cesárea”, relata a médica insatisfeita com a situação.
Este e outros relatos sobre o desabastecimento foram muito comuns na assembléia. Diversos médicos contaram da dificuldade em prescrever medicamentos, pela falta de receituários e sobre a dificuldade de contato com o Samu, em casos de emergência, pois há meses os telefones estão cortados.
A situação alarmante da prefeitura de Natal não é desconhecida, já foi inclusive tema de discussão em audiência pública na Câmera dos Vereadores, porém até aqui a situação continua a mesma. Diante de um verdadeiro caos como esse, os médicos questionam o posicionamento da prefeitura em investir e instalar pontos eletrônicos para o controle os funcionários.
Para os médicos o ponto eletrônico é um instrumento que não mede produtividade, nem muito menos a qualidade e eficiência do trabalho. E com o desabastecimento e falta de infra-estrutura atual, além dos salários ainda insatisfatórios para a classe, é inviável cobrar dos médicos o cumprimento de seu horário integral. “Isso está se tornando uma verdadeira perseguição aos médicos. Não há se quer espaço físico nas unidades de atendimento da prefeitura para que os médicos atendam simultaneamente, a prefeitura quer cobrar o que do médico? Quem está em falta não somos nós”, desabafa o presidente do Sinmed, Geraldo Ferreira.
Vale lembrar que apesar do aumento alcançado em 2010 com a sanção do PCCV os médicos de Natal têm como parâmetro o piso salarial da FENAM (Federação Nacional dos Médicos), que equivale a R$9.188,22 para uma jornada de 20 horas semanais de trabalho.
Hoje ainda será encaminhado a prefeitura, pelo Sinmed-RN um ofício contendo as reivindicações da classe e cobrando um posicionamento sobre estes. Desde já, fica previamente definido para terça feira, 5, ás 19h na sede do Sinmed uma nova assembléia na qual a partir da resposta dos representantes do municipio, os médicos podem retirar um indicativo de greve.