26/01/2015
26/01/2015
Do dia 1º de janeiro até a quinta-feira (22), o Hospital Walfredo Gurgel encaminhou 128 pacientes de ortopedia para serem submetidos a cirurgias eletivas em outras unidades hospitalares. Ainda assim, não conseguiu zerar a fila de espera em seus corredores e enfermarias, que contava ontem com 54 pacientes (isso, considerando apenas os que já haviam recebido laudo médico). Uma das dificuldades para regularizar o fluxo de pacientes é que um dos hospitais conveniados para realizar os procedimentos pelo Sistema Único de Saúde – o Médico-Cirúrgico – está funcionando precariamente e suspendeu o atendimento via SUS há pelo menos dois meses.
Hospital Médico Cirúrgico está praticamente fechado. Funcionários entraram com ação trabalhista para receber os salários em atrasoHospital Médico Cirúrgico está praticamente fechado. Funcionários entraram com ação trabalhista para receber os salários em atraso
Segundo a administração do HMC, o atendimento SUS foi suspenso devido aos atrasos nos repasses financeiros, que totalizam – segundo a Secretaria Municipal de Saúde – R$ 1 milhão, aproximadamente, somados os débitos dos meses de agosto, setembro, outubro e novembro de 2014. A SMS informou que o atraso ocorreu porque o hospital não juntou à sua documentação a certidão negativa de tributos estaduais, documento exigido no processo de pagamento, que se encontra em análise na Procuradoria Geral do Município.
Dos três hospitais particulares que mantém convênio com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para atender os pacientes de ortopedia pelo SUS, o Médico-Cirúrgico é o que tem o segundo maior contrato – no valor de R$ 1.483.737/mês, mais de 37% do valor total –, porém, desde agosto do ano passado não recebe os repasses da Prefeitura de Natal, motivo pelo qual não está atendendo. Além do HMC, estão credenciados a realizar cirurgias ortopédicas o Hospital Memorial e a a Prontoclínica Dr. Paulo Gurgel.
Até ontem (23), o HWG transferiu 89 pacientes para o Hospital Memorial; 25 para a Prontoclínica Paulo Gurgel e 14 para o Hospital Doutor Ruy Pereira, e nenhum para o Médico-Cirúrgico. A TRIBUNA DO NORTE tentou, por várias vezes, entrevista com o diretor do HMC, Lauro Herculano, mas ele não atendeu às ligações e não estava no hospital.
Extra-oficialmente, a informação é de que o hospital está praticamente fechado porque o atraso tem afetado o pagamento dos funcionários. Segundo o presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos de enfermagem e demais empregados dos hospitais da rede privada (Sinpern), Domingos Ferreira, os cerca de 200 funcionários do HMC reclamam, pelo menos, quatro meses de salários em atraso e aguardam desfecho na Justiça do Trabalho.
No final do ano passado, o Sinpern ingressou com ação trabalhista para garantir os direitos dos trabalhadores. “O TRT solicitou os comprovantes de pagamento dos meses em atraso, mas até agora nada foi apresentado pelo hospital, segundo nossa assessoria jurídica”, informou Domingos Ferreira. Segundo ele, o hospital está funcionando precariamente. “Os trabalhadores estão se negando a trabalhar com os salários em atraso por vários meses”, disse ele.