22/06/2011
22/06/2011
A Maternidade Escola Januário Cicco, da UFRN, registrou nesta quarta-feira (22) a maior superlotação este ano. Os 86 leitos existentes na maior maternidade pública do Rio Grande do Norte não são suficientes para atender toda a demanda. Atualmente 104 mulheres estão em trabalho de parto, vindas das mais diversas partes do Estado e da capital. Como são apenas 86 leitos, dezoito delas aguardam vagas deitadas em macas nos corredores, sentadas em cadeiras de plástico e utilizando camas emprestadas do Centro Cirúrgico e do vizinho Hospital Universitário Onofre Lopes (HuOL).
O caos maior tem causa. Todas as maternidades da Região Metropolitana estão com problemas no atendimento. O Hospital Santa Catarina, na Zona Norte, administrado pelo Governo do Estado, atende no limite. A do Divino Amor, em Parnamirim, só funciona parcialmente por causa de uma greve municipal. Em Natal, as três existentes que são mantidas pela prefeitura (Felipe Camarão, Quintas e Leide Morais, no conjunto Santa Catarina) não dão conta da grande demanda. “Estão encaminhando pacientes da maternidade das Quintas para cá porque o centro cirúrgico de lá está alagado. As outras que atendo também estão com problemas: a Vigilância Sanitária interditou a maternidade de Macaíba, e a de Ceará-Mirim não tem obstetra nem anestesista de plantão”, informou Josair Mesquita, plantonista da manhã de ontem na Januário Cicco.
A diretora médica da maternidade, Maria da Guia Medeiros, acompanhou a equipe do Diário de Natal visitando os leitos da MEJC. Em cada enfermaria, e no Centro Obstétrico, Daguia anunciava às mulheres: “Queríamos dar um lugar digno a todas vocês. Trouxe a imprensa aqui para mostrar nossa indignação com a saúde pública. Nossas gestoras parecem não perceber que deixar vocês nessa situação é uma vergonha para nosso Estado”.
Por ser a MEJC uma maternidade terciária, segundo Maria da Guia, só deveriam ser encaminhadas para lá mulheres com gravidez de risco. Partos mais simples poderiam ser feitos nas maternidades do município ou do Estado (caso do Hospital Santa Catarina, na Zona Norte). “Estamos fazendo aqui partos sem riscos porque elas não tem para onde ir. Não rejeitamos nenhuma, e não adianta só culpar os municípios do interior. Há grande demanda desses municípios, mas há também aqui de Natal”, desabafou a médica.