18/07/2012
18/07/2012
Entidades ligadas à saúde ficaram preocupadas com a informação de que o Hospital Doutor Ruy Pereira (antigo Itorn) estaria sofrendo um surto de infecções hospitales causado por superbactérias. A denúncia foi veiculada na manhã de ontem pelo portal nacional de notícias UOL. Contudo, a existência das superbactérias que estariam vitimando pacientes foi descartada pela chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Ruy Pereira, Janaína Palmeira. A médica disse que as dificuldades enfrentadas pelos profissionais do hospital são relacionadas à falta de material, o que prejudica o controle de infecções, que podem acontecer com maior facilidade. O Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern) enviou uma equipe de fiscalização formada por três médicos ao local na manhã de ontem para averiguar a situação e emitir um relatório. "Só poderemos dar um parecer sobre a siatuação amanhã [hoje] quando recebermos o relatório", afirmou o presidente do Cremern, Jeancarlo Fernandes Cavalcante.
De acordo com o médico Pedro Raimundo Souza, que trabalha no Hospital Ruy Pereira, nos últimos dois meses houve um aumento no número de pacientes que vêm morrendo em decorrência de duas superbactérias: a acinetobacter e a pseudomonas. Ele explica que, ao serem diagnosticados com as bactérias, os pacientes são isolados para evitar a contaminação de outros doentes, mas a falta de equipamentos, medicamentos e materiais – os quais deveriam ser de uso individual por cada paciente – leva ao compartilhamento de tensiômetros, termômetros e outros objetos que acabam espalhando a bactéria.
Segundo o diretor do hospital, Jaime César de Melo, não há surto algum de superbactérias e a falta de materiais e medicamentos no Ruy Pereira é esporádica. "Pode faltar pontualmente [antibióticos], mas nada que implique em danos ao paciente ou na interrupção de seu tratamento", afirma ele. Atualmente, estão internados no hospital dois pacientes infectados com acinetobacter e quatro com pseudomonas e as bactérias vemsendo combatidas.
Janaína Palmeira, chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Ruy Pereira, diz que as bactérias existentes no hospital não são superbactérias e que as citadas pelo médico Pedro Raimundo podem ser combatidas com antibióticos carbapenêmicos. Contudo, a denúncia de que faltam materiais, como luvas, máscaras e termômetros para os profissionais tratarem exclusivamente os doentes isolados é confirmada pela chefe do setor.
Jeancarlo Fernandes Cavalcante, explica que superbactérias são "comuns" em hospitais. Normalmente, ao se introduzir um antibiótico, a bactéria deve morrer, mas há casos em que essa bactéria se fortalece e adquire resistência ao medicamento, se tornando o que se chama de "superbactéria". Ele frisa que o isolamento total do paciente infectado é fundamental para que a bactéria não se dissemine e os profissionais que lidam com esse doente têm que trocar todo o material usado após o contato, pois além de muito nociva ao homem, a superbactéria também é altamente contagiosa.Jeancarlo Cavalcante diz que a denuncia é preocupante, mas só após analisar o relatório elaborado pela equipe de fiscalização do conselho sobre a situação do Ruy Pereira, o Cremern irá se posicionar e adotar eventuais medidas.
O infectologista Luiz Alberto Marinho, um dos principais especialistas da área no RN, afirma que as duas bactérias são difíceis de tratar, pois ambas são resistentes aos antibióticos e que são bastante comuns em ambientes hospitalares. "O problema é quando há uma incidência de pacientes infectados acima de 6%. Aí teremos um estado de alerta e uma situação preocupante. Abaixo disso é um fato normal, de acordo com os dados da Organização de Mundial de Saúde [OMS]" comentou.