Geraldo Ferreira concede entrevista ao Sindicato médico do Rio de Janeiro

04/06/2012

Geraldo Ferreira concede entrevista ao Sindicato médico do Rio de Janeiro

04/06/2012

O site do SinMed/RJ entrevistou o Dr. Geraldo Ferreira Filho, novo presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), que comandará a entidade por dois anos, a partir de 1º de julho. Ele foi eleito no dia 26/5, por unanimidade e aclamação, durante o XI Congresso da Fenam, que reuniu representantes dos 53 sindicatos médicos do país, em Natal (RN).

SinMed/RJ – Que desafios o senhor espera enfrentar estando à frente da Fenam?
Dr. Geraldo Ferreira – Devem ser os mesmos desafios históricos que enfrentamos nas últimas décadas e que vão desde os problemas relativos à formação dos médicos e a residência médica, até o mercado de trabalho. Temos dois grandes desafios: o primeiro, obter condições adequadas para que seja prestado atendimento técnico, científico e ético aos pacientes, e o segundo, a conquista de remuneração digna, pois os salários aviltantes são a causa da insuficiência de profissionais nos programas de saúde da família e nas emergências, e da concentração de médicos nos grandes centros, onde conseguem complementar a renda.

SinMed/RJ – A experiência adquirida na presidência do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte por dois mandatos poderá contribuir para fortalecer o movimento médico em todo o Brasil?
Dr. Geraldo Ferreira – Sim. A experiência na direção de um sindicato é básica; é condição essencial para que se possa dar encaminhamento às lutas numa dimensão maior. Na esfera da Fenam, as lutas são amplificadas para um cenário maior, pois os problemas são muito semelhantes em todo o país, a exemplo da precarização do trabalho, carência de leitos, falta de resolutividade nas unidades da rede pública, rede sucateada, etc. Nos planos de saúde o retrato é o mesmo: a baixa remuneração e a exploração do médico em busca de lucro. O conhecimento dessas causas ajudará no estabelecimento de estratégias, a partir de experiências bem sucedidas em outros estados. Minha disposição é de lutar em sintonia com o que pensa o médico nas bases.

SinMed/RJ – A luta contra a MP 568 pode representar o início de um grande movimento organizado de âmbito nacional com extensão para outras bandeiras de luta?
Dr. Geraldo Ferreira – Sim. Com essa medida provisória intempestiva, o governo propiciou a organização de fileiras de resistência dos médicos. Este assalto ao bolso do trabalhador, que atinge o seu salário base, gerou uma unanimidade sobre a necessidade de reação forte em todos os setores, inclusive dos médicos das redes estadual e municipal, já que há uma tendência do governo tentar estender esse assalto para os estados e municípios.
Parece que a exclusão dos médicos do texto da MP já é o entendimento dos parlamentares, mas de acordo com o desenrolar dos acontecimentos, o movimento médico poderá partir para um enfrentamento maior, como uma greve nacional. Certamente, a nossa vitória com relação a esta MP irá gerar uma onda de autoestima, fomentando os movimentos médicos de caráter nacional.

SinMed/RJ – Quais são as suas principais propostas para a Fenam?
Dr. Geraldo Ferreira – A Fenam precisa ser cada vez mais ouvida e respeitada como porta voz dos médicos. Queremos ter atuação mais forte na formulação de políticas públicas e no desenvolvimento de propostas para o trabalho médico. Os últimos anos foram dispendidos para impedir retrocessos, com um gasto enorme de energia. Agora, vamos nos organizar para tomar a dianteira, criando comissões e grupos de estudos para levantar os problemas que o sistema único de saúde enfrenta em todo o país e apresentar proposições para resolvê-los. A CLT nos garante o direito de auxiliar na formulação de propostas de políticas públicas.
Na minha gestão, a Fenam vai se envolver também em todas as questões que digam respeito à cidadania, tais como direitos humanos, meio ambiente, defesa da liberdade, distribuição de renda, habitação, entre outras. Tudo isso é intrínseco à formação do médico, que tem o compromisso com a defesa corporativa, mas que deve ter o outro pé na sociedade.

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