09/05/2013
09/05/2013
A Federação Nacional dos Médicos (FENAM) repudia a atitude do governo brasileiro de trazer 6 mil médicos cubanos para trabalhar no interior do país. O anúncio foi feito recentemente pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, com a justificativa que o Brasil sofre de déficit de profissionais de medicina. Já o presidente da FENAM, Geraldo Ferreira, esclarece que a defasagem no número de profissionais para atender nas periferias das grandes cidades se deve à falta de subsídios e convênios que valorize o trabalho.
"A maioria das prefeituras não tem condições de pagar os médicos. O governo precisa estimular a criação do piso salarial e plano de carreira, com repasses para os municípios carentes. Só dessa forma teremos contratação nacional adequada".
O ministro Patriota explicou sobre a organização para receber os médicos estrangeiros depois de um encontro com o chanceler de Cuba, Bruno Rodriguez. A articulação para a contratação é conduzida pelos governos dos dois países, com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a ação começou a ser negociada em janeiro de 2012, quando a presidente Dilma Rousseff visitou Havana. Ainda há dúvidas, de como esses profissionais serão avaliados para poderem exercer a medicina da forma que é exigida no Brasil.
O presidente da Federação argumenta que seguir esse caminho não assegura o atendimento de qualidade para a população e dentro dos moldes do no nosso país. Para ele, o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (REVALIDA) é a única maneira de avaliar corretamente o ensino da medicina fora do Brasil.
"Comprovadamente, os médicos formados no exterior não correspondem às necessidades do mercado brasileiro, a formação é duvidosa, precária e deficiente. Prova disso foi o resultado do último Revalida que admitiu apenas 14% dos inscritos", concluiu.
A diretoria da FENAM participará essa semana do VI Fórum Ibero-Americano de Entidades Médicas – FIEM, em Portugal, e na ocasião levará sua posição de alerta em relação à questão e explicará os verdadeiros mecanismos que podem solucionar o problema. Ainda no encontro, a Comissão de Direitos Humanos da entidade apresentará relatório acerca do quadro calamitoso em que se encontra a saúde pública do Brasil. Em seu retorno, Geraldo Ferreira convocará uma reunião com todos os presidentes de sindicatos e federações na próxima semana para deicidirem como será a luta contra a importação de médicos A Federação também vem acompanhando a revolta dos médicos brasileiros nas redes sociais e está averiguando a possibilidade de uma greve geral.