30/12/2014
30/12/2014
O que deve uma Entidade Médica Sindical dizer a um associado sobre o ano que vamos entrar? É possível prever alguma coisa?
O que mais tenho ouvido nos últimos dias do ano é "Diga uma coisa boa para nós" ou " E aí, o que podemos esperar do próximo ano?"
Temos alguns dados em mãos. Primeiro, os médicos do estado têm uma lei, enviada pelo governo e aprovada na Assembleia, que garante um escalonamento salarial até 2018.
Presente em uma Sabatina promovida pelo Sinmed o então candidato Robinson comprometeu-se em cumprir. A outra grande luta há de ser por condições de trabalho e recuperação da estrutura e do atendimento nos hospitais regionais.
Temos um secretário estadual de saúde escolhido, que por fim resolveu aceitar, após insistentes convites. O Professor Lagreca traz um histórico e uma fama de bom gestor do hospital Universitário.
A máquina de destruir reputações do Estado é constituída basicamente pela falta de recursos para administrar, o que obriga o gestor, por decisões judiciais, a comprar e contratar sem licitações, o que será por fim o motivo de inúmeros processos que responderá por anos, quando sai da secretaria. Este tem sido o óbice que tem afastado muitos desses cargos públicos. Certamente o Governador deve ter se comprometido com o futuro secretário, quanto a condições de efetivamente executar um projeto administrativo.
Há boatos de uma possível utilização da EBSERH para gerenciar os hospitais regionais. Tanto quanto na Universidade, poderá ser o fim do regime estatutário, visto pelos governos como fonte de dificuldades na gestão de recursos humanos. A queda do regime estatutário priva a população do seu grande defensor, o trabalhador, que sem a estabilidade verá limitada sua capacidade de defender os que precisam e não tem voz, pois pesará sobre eles a ameaça permanente da demissão. Ora, a estabilidade foi o mecanismo encontrado pelos legisladores para dar aos servidores o compromisso de servidores públicos e da defesa da qualidade do serviço. Sem ela, perde a população mais ainda que os trabalhadores. Haverá resistência dos sindicatos.
No município de Natal teremos troca de Secretário, sai Cipriano, que comprou uma briga grande com seu partido, o PT, na expectativa de que conseguiria, não sei se através de verbas federais, ajudar o Prefeito Carlos Eduardo. Pouco conseguiu. Sai com uma dívida enorme com os trabalhadores. O Plano de Carreira dos Médicos não avançou, o piso Fenam – compromisso do Prefeito – não teve um aceno. Com a Enfermagem foi mais constrangedor ainda. Chegou a enviar um projeto para a câmara com 100% de remuneração para as 30 horas, uma luta histórica daquela categoria, e depois retirou o projeto. No final, se disse cansado e estressado, talvez por não ter conseguido fazer o que pensava, e pediu demissão.
Para a Secretaria Municipal falou-se no nome do ex-secretário estadual George Antunes, que assumiu outros compromissos e fala-se atualmente em Luís Roberto, atual secretário estadual.
Em Parnamirim o aumento salarial para 2015 foi negociado, após alguns anos onde as coisas não avançavam sem greves, de forma consensuado. Está em andamento um Plano de cargos e carreira dos trabalhadores da saúde que, mesmo em câmara lenta, tem avançado.
Em Mossoró, uma onda de contratações de trabalhadores de empresas de mera intermediação, numa terceirização feroz e de valores elevadíssimos deve chamar a atenção do ministério público. Salários baixos dificultam concursos e falta de disposição política para corrigir isso através de plano de carreira apontam para mais um ano difícil.
Em suma, esse é o panorama geral. O quadro ou o campo que encontraremos para nossas lutas.
Quando me pedem " diga uma coisa boa para nós", digo que ao longo dos últimos anos aprendemos a lutar coletivamente pelos nossos direitos, o que não é pouca coisa. Temos instituições organizadas, fortes e capazes de conduzir nossas demandas. Certamente nada cairá do céu. É na geografia descrita e com nosso histórico que percorreremos e lutaremos por nossas causas em 2015. É isso responde também a pergunta " o que poderemos esperar do próximo ano?" Luta pelo piso Fenam, pela Carreira médica, contra a tentativa de precarização do nosso trabalho, em defesa dos direitos humanos dos nossos pacientes. Esse é o sentido da existência do Sindicato Médico do RN : Representar e defender a categoria.
Um Feliz 2015 para todos, saúde, paz, prosperidade.
Geraldo Ferreira – Presidente SinmedRN e FENAM