15/04/2013
15/04/2013
D. João VI cunhou uma frase, que se aplicada pelos governos promoveriam uma revolução na administração pública. Seria mais ou menos como se não puder ajudar, não atrapalha. Mas não é essa a frase de D. João. A gestão da saúde, esperançosamente colocada nas mãos de um novo Secretário, mostra um voluntarismo que impressiona, diagnósticos sofisticados, mas pobreza de soluções. Tudo que o governo toca afunda. A crise que se agudizou depois da posse do Secretário atinge com violência todos os setores, com destaque para Obstetrícia e Pediatria. O que fica claro é que o governo não sabe como agir. Useiro e vezeiro de Marketing, pensando que tudo se resolve na fala, explode o amadorismo que tem caracterizado a atual gestão. Quase nada funciona. As medidas encaminhadas só tumultuam o frágil sistema. As ideias ouvidas até agora falam em desativar hospitais regionais, transferindo-se os profissionais para reforçar escalas em uns poucos que restariam. Também seriam desativados serviços como Pediatria, em algumas unidades, para reforçar escalas em outras. E o ponto eletrônico, que parece ser a única coisa concreta que o governo imagina para o problema de recursos humanos médicos, promove filas imensas provocando atrasos na entrada e saída dos plantões, deixando uma lacuna no atendimento que não poderia absolutamente acontecer. Midas era escravo de sua ganância e tudo que tocava virava ouro, mas ouro não se come. O Governo do Estado é vítima de si mesmo e de seu primarismo. A deterioração que vem acompanhando as tentativas da gestão de modificar a assistência a saúde, mostra claramente que o governos está perdido. Então urgem providências. Mas se estamos desenvolvendo o raciocínio de que as ações que vem sendo tomadas tem piorado o quadro, que danado pode ser feito. O governo tem que se livrar de seus preconceitos, ouvir os trabalhadores, alavancar os investimentos, priorizar a saúde, compreender que precisa recuperar a rede que existe e planejar arrojadamente a ampliação. Assim não sendo, perdido sobre o que fazer, distribuindo caneladas nos que apontam os problemas, vale a frase de D. João VI: “Quando não se sabe o que fazer, melhor não fazer nada.”
Dr. Geraldo Ferreira Filho – Pres. Sinmed RN
Texto publicado na Coluna Sinmed em Ação do dia 14 de abril de 2013, no Novo Jornal.