Editorial da semana: O governo que foi sem ter sido

04/03/2013

Editorial da semana: O governo que foi sem ter sido

04/03/2013

Em alguns momentos surgem oportunidades históricas que podem mudar perspectivas, abrir horizontes, promoverem mudanças, desencadear avanços há muito esperados. Às vezes tudo isso pode redundar em notável fracasso, antes destruindo esperanças e levando a frustrações. Nas eleições de Natal, quando Micarla de Sousa chegou à prefeitura, ou nas eleições estaduais que levaram Rosalba Ciarlini ao governo, o tema saúde alimentou e azeitou a corrida política, sendo exaustivamente utilizado pelas candidatas eleitas como fracasso das gestões que elas pleiteavam suceder. Os Médicos sempre atentos à conjuntura e ansiosos por melhorias na saúde participaram ativamente, votando e emprestando apoio às teses de mudança na condução da saúde. A administração Micarla é uma página virada. Embora na saúde tenhamos tido o plano de cargos dos médicos com melhoria salarial, construção de Upas e Ames, as terceirizações foram a nota dissonante que jogou a administração no imbróglio de desvios e corrupção que minou e destruiu a gestão da Prefeita. Rejeitada por mais de 90% da população o governo naufragou e sequer condições de ser candidata a Prefeita teve. Mas isso correu ao longo de quatro anos. No governo estadual os sinais de impaciência com a incompetência administrativa apareceram cedo, menos de um ano e meio e Natal já rejeitava a Governadora Rosalba em cerca de 70%, com pouco mais de dois anos atingiu-se em Natal a rejeição de 86% e no Rio Grande do Norte de mais ou menos 70%. O governo despreparado, provinciano, arrogante, prepotente, paroquial perdeu-se administrativamente e limita-se a politicagem mais rasteira procurando subsistir ante o abandono da população que o elegeu. Nesse contexto os Médicos chegam a 10 meses de greve, clamando socorro para os pacientes, melhoria na infraestrutura das unidades, abastecimento, carreira médica, concurso público, piso Fenam. Denunciamos o governo na mídia, nas delegacias de polícia, nos conselhos, na justiça e até em cortes internacionais como violador dos direitos humanos, pela degradação da assistência aos que procuram a saúde pública. Por outro lado na terceirização do Hospital da Mulher em Mossoró as denúncias de gastos indevidos superam os oito milhões de reais, em auditoria da própria Sesap. O Governo tem praticado o esporte de perseguir médicos e funcionários, se julga acima de críticas, nega-se à negociação e naufraga vergonhosamente na área que prometia priorizar. Alçado ao descrédito, reconhecido como ineficiente, o governo chega ao terceiro ano arquejando, incapaz de políticas públicas o governo mantém a empáfia de hostilizar os trabalhadores e procurar nos políticos sustentação para chegar ao seu término. Abandonado por quem o elegeu o governo termina antes do fim, já se fala claramente em inviabilidade do projeto de reeleição. Sem conseguir cumprir suas promessas de campanha o governo vai se esgotando, deixando a sensação do Governo que foi, sem na verdade ter sido.

Dr.Geraldo Ferreira Filho – Presidente do Sindicato dos Médicos do RN 

Texto publicado na Coluna Sinmed em Ação do dia 3 de março de 2013, no Novo Jornal.

* A coluna Sinmed em Ação é composta por notas sobre acontecimentos importantes no movimento médico e o editorial com a palavra do presidente, Dr. Geraldo Ferreira, sempre fazendo um balanço dos últimos acontecimentos da semana. A publicação é veiculada sempre aos domingos e nas segundas-feiras está disponível aqui no site do Sinmed.

whatsapp button