09/11/2010
09/11/2010
Sem receber salários há cinco meses, os médicos ortopedistas que atendem no Hospital Geral Dr. Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, paralisaram atividades há dez dias. Até hoje, cerca de 50 cirurgias eletivas de ortopedia deixaram de ser realizadas. No Walfredo Gurgel, os corredores estão lotados de pacientes aguardando autorização para procedimentos cirúrgicos.
Dos três médicos lotados no Hospital Geral, em Parnamirim, apenas um está cumprindo o plantão. A medida tomada pelos profissionais visa pressionar a Secretaria Estadual de Saúde a realizar o pagamento dos cinco meses atrasados. “Os médicos querem apenas que paguem seus salários”, afirma o diretor geral do hospital, Deoclécio Marques de Lucena Filho. No hospital, são feitos apenas os procedimentos iniciais nos pacientes com trauma ortopédico. Os casos graves e que necessitam cirurgias, são encaminhados ao Walfredo Gurgel.
Enquanto sobram leitos no hospital Deoclécio Marques de Lucena, os corredores do Walfredo Gurgel estão lotados com pacientes esperando autorização para cirurgias eletivas que são realizadas pelos hospitais Médico Cirúrgico e Memorial. O agricultor Gonçalo Oliveira, deu entrada no Walfredo Gurgel com uma fratura no punho no dia 16 de outubro e até ontem não tinha recebido autorização para a cirurgia.
A maioria dos acidentes que provocam traumas ortopédicos é causada por colisão entre veículos, motos e bicicletas. Kerginaldo Vicente, 33 anos, sofreu uma queda de bicicleta que resultou numa fratura no ombro direito que necessita de uma cirurgia corretiva. “Fui encaminhado ao hospital Médico Cirúrgico e momentos antes da cirurgia fui mandado de volta pra cá (Walfredo Gurgel). Agora vou esperar por mais uma autorização para o Memorial, onde é feito esse tipo de cirurgia”.
De acordo com Deoclécio Filho, a Sesap está trabalhando para solucionar os problemas dos ortopedistas o mais breve possível. “Nós somos hospital de referência em ortopedia e se continuarmos sem realizar cirurgias, o Walfredo Gurgel ficará cada vez mais lotado”. Dos trinta leitos destinados aos pacientes de ortopedia em Parnamirim, apenas cinco estão ocupados por pacientes ambulatoriais e os demais estão vazios.
Além da problemática gerada pela paralisação dos médicos ortopedistas, a morosidade no processo de autorização das cirurgias eletivas nos hospitais credenciados à Secretaria Municipal de Saúde (Memorial e Médico Cirúrgico), amplia o número de pacientes nos corredores do Walfredo Gurgel. “A demanda ortopédica só cresce e a prefeitura está trabalhando para suprir as necessidades do sistema”, afirma o secretário municipal de Saúde, Thiago Trindade.
Antes da paralisação dos médicos, o hospital Deoclécio Marques de Lucena realizava, em média, 6 cirurgias ortopédicas por dia, o que correspondia a 70% dos procedimentos realizados na rede pública de saúde. Segundo o diretor geral do hospital, não há previsão de quando a situação dos ortopedistas que ali trabalham será regularizada.