"Crime e Castigo" – Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

08/09/2016

"Crime e Castigo" – Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

08/09/2016

Uma das obras primas da literatura mundial, do Escritor russo Dostoiévski, é Crime e Castigo. Nela, acuado pela culpa, Raskólnikov, confessa seu crime. No livro Os Anjos Bons de Nossa Natureza, Steven Pinker faz um estudo da violência, mostrando as taxas de homicídios ao longo da história humana, desde as sociedades caçadoras coletoras, onde 15 em cada cem pessoas eram assassinadas, até os dias de hoje, onde no lugar mais seguro, a Europa Ocidental, no século XXI, esse número caiu para 1 homicídio para cada 100 mil habitantes.

Esse é o número de uma sociedade segura, seu limiar é de 10 para cem mil, como nos Estados Unidos, acima do qual a sociedade é visivelmente violenta. No estudo das tendências da violência, baseadas no processo civilizador, destacam-se forças históricas que permitiram a sua queda.

A principal é o Estado, com a responsabilidade de aplicar a justiça, reprimindo a vingança e a retaliação, o Comércio gentil, permitindo a circulação de pessoas, bens e gerando riquezas, a ascensão das mulheres e dos valores femininos, pacifistas, o Cosmopolitismo, alfabetização, mobilidade, convivência entre sociedades e a razão, com a educação e a cultura mostrando a futilidade da violência e a visão de um problema a ser resolvido, não uma disputa a ser ganha.

Para Manuel Catells, em Fim de Milênio, destaca-se como fenômeno da atualidade o crime organizado, e seu mundo que envolve tráfico de drogas, armas, material nuclear, mulheres e crianças, órgãos, contrabando de imigrantes Ilegais, assalto a bancos, sequestros, extorsão, suborno e lavagem de dinheiro, assegurados pelo uso de violência em nível extraordinário.

A alta taxa de homicídios no Brasil, de 30 homicídios para 100 mil habitantes, de Natal, no RN, de 60 homicídios para 100 mil habitantes, ou outras elevações espasmódicas no mundo, ocorrem por falência do Estado em cumprir seu papel, da perda de credibilidade na justiça e na aplicação das leis, no abrandamento e na incerteza da pena, fazendo crer que o crime compensa.

Nessas situações onde o processo civilizador deu marcha a ré, a lei do mais forte, da dominância, do olho por olho, da vingança, do ganho predatório podem se impor. A tudo isso se soma o crime organizado e sua influência na cultura, atraindo as pessoas para o mundo das drogas, do sexo e do dinheiro.

Para Pinker, as sociedades mais pacíficas são as melhores governadas, mais ricas, sadias, educadas, respeitosas com as mulheres e ocupadas com o comércio.

Geraldo Ferreira Filho

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