13/10/2013
13/10/2013
Editorial
Luta por princípios
Talvez só mais na frente a sociedade se dê conta de que o Programa Mais Médicos é uma enganação eleitoreira e que as expectativas geradas pelo brutal marketing do governo são irreais. Por enquanto, o mal está feito. Resistindo a qualquer sugestão de respeito ao concurso público, de criação de uma carreira federal e respeito aos direitos trabalhistas, o governo mostrou que o que quer na verdade são médicos encabrestados pela insegurança de uma bolsa, de preferência Cubanos, que vem submetidos a um regulamento Draconiano, que não permite contato com a imprensa ou formulação de qualquer denúncia de condições de trabalho – verdadeiro horror para gestores em ano eleitoral, como será 2014 para Dilma e Padilha. Mas o apelo de levar médicos a locais onde eles não estão presentes, e o encanto da população com algum tipo de assistência, mesmo precária e sujeita a erros, consolidaram no imaginário a importância do programa. Mas se é assim, porque a luta das entidades, aproveitadas de forma deturpada e perversa pelo governo, jogando-nos contra a população? Porque temos princípios e quando eles são esquecidos, caímos na conhecida citação de Dostoievski – Se não há Deus (no nosso caso se não há princípios ) tudo é possível. Pagamos um preço alto, apanhamos como Cristo na Paixão, mas não desistimos. Os Conselhos existem para defender a ética, as Associações para defenderem a formação médica, os Sindicatos para defenderem os direitos dos trabalhadores, e nós todos juntos para defendermos a garantia e a segurança do atendimento de qualidade à população Brasileira. Esses são princípios que precisam ser sustentados sem negociação, mesmo quando momentaneamente o governo, que se imagina senhor de tudo, consegue fazer crer à sociedade que os fins justificam quaisquer meios. A pergunta que se coloca e aflige os médicos é se o governo venceu, se nós perdemos, o que nos espera agora? Primeiro, o governo não venceu. Vence-se quando se faz o certo. As coisas erradas, como escravidão, guerras, totalitarismo, cegam a sociedade apenas temporariamente. Segundo, vence quem está do lado certo, o lado da verdade. É só questão de tempo e o bom sendo volta. Como dizia Ulisses Guimarães, a verdade não seria verdade se desaparecesse, quando sufocada. Ela voltará a se impor e na hora do ajuste de contas, por exemplo, o processo eleitoral de 2014, talvez quem se decepcionou e chorou ( nós, os médicos ) possa sorrir e, quem sabe, talvez quem comemorou e sorriu ( vocês viram a foto de Rogério Carvalho e Padilha comemorando? ) seja o derrotado e fique a chorar.
Dr. Geraldo Ferreira – Pres. Fenam e Sinmed RN