26/05/2014
26/05/2014
Uma comissão de médicos do município de Natal, liderada pelo Presidente do Sindicato dos Médicos do RN, Geraldo Ferreira, realizou na manhã desta segunda-feira (26) uma visita à Unidade de Pronto Atendimento Infantil Sandra Celeste, e ao Centro de Saúde Reprodutiva Leide Morais, no bairro do Alecrim, para averiguar denúncias de falta de condições de trabalho e esclarecer sobre a greve dos médicos de Natal que teve início hoje.
Foi identificada uma demanda exagerada e desordenada para o Sandra Celeste, com atendimentos de pacientes encaminhados de todas as regiões do estado, principalmente de Parnamirim. A demanda de urgências e emergências é tamanha, que na noite de ontem um médico chegou a atender mais de 80 pacientes. Até metade da manhã de hoje cada um dos 3 médicos de plantão, já havia atendido mais de 30, e os corredores permaneciam lotados.
De acordo com o presidente do Sinmed-RN, Geraldo Ferreira, a demanda exagerada coloca em risco o paciente e o profissional. No Sandra Celeste os leitos de observação são apertados em uma sala pequena e não possuem demarcação, ficando os pacientes expostos, bem como os locais de atendimento, nos quais uma sala chega a comportar mais de 3 atendimentos ao mesmo tempo, sem qualquer divisão de espaço para assegurar a preservação da intimidade do paciente e maior concentração do médico.
A comissão ainda averiguou sucateamento das instalações com leitos enferrujados e sem oxigênio, longa espera para cirurgias e falta de insumos para atendimentos. No Sandra Celeste cerca de 20 médicos são contratados via cooperativa e 8 são do quadro da Secretaria Municipal de Saúde. Enquanto os médicos cooperados recebem cerca de R$1.500 por um único plantão, os médicos da SMS Natal recebem quase o mesmo valor para a realização de 6 plantões. O Sinmed-RN vai averiguar se esse pagamento superior faz com que os médicos cooperados permaneçam trabalhando, mesmo sem as condições mínimas de atuação, colocando em risco à população.
Centro de Saúde Reprodutiva é depenado
A comissão de médicos municipais realizou visita ao Centro de Saúde Reprodutiva Leide Morais, que está em processo de municipalização. De acordo com a diretoria do Centro antes de repassar a unidade para o município de Natal, a Secretaria de Saúde do RN – SESAP, retirou do local materiais e profissionais para redistribuição em hospitais regionais do interior, Walfredo Gurgel e ampliação do Hospital João Machado.
A unidade hoje mantém apenas os atendimentos de dermatologia e mastologia. Os cerca de 24 médicos estão desassistidos, sem profissionais técnicos e auxiliares para a realização de exames e procedimentos, já que praticamente todos foram redistribuídos pela SESAP, o que impede por exemplo o trabalho dos ginecologistas. Há ainda a denuncia da tentativa do estado de retirar outros materiais, até mesmo aparelhos de ar condicionado, para encaminhamento a unidades do interior, o que foi impedido pela diretoria, no entanto os equipamentos de laboratório também foram retirados.
Após a visita o Sinmed deve se empenhar na tentativa de impedir o processo de municipalização que paralisa serviços já consolidados e programas de saúde estruturados, como o programa do adolescente, que auxilia jovens em tratamento de doenças sexualmente transmissíveis, acompanha a gravidez, dentre outros, para transformar o centro em uma unidade de atendimento básico.
Greve
Os médicos municipais permanecem em greve por tempo indeterminado. Uma audiência foi marcada com o prefeito Carlos Eduardo para hoje, às 16h, na sede da prefeitura. Na noite de hoje a proposta da prefeitura será discutida em assembleia com os profissionais, no Sinmed-RN. As visitas às unidades de saúde devem continuar e uma manifestação está marcada para amanhã, às 9h, em frente à Assembleia Legislativa.