17/02/2011
17/02/2011
Os representantes dos sindicatos ligados à área da saúde como Sindicato de Odontologia do RN, Sindsaúde e o Sindicato dos Médicos se reuniram na manhã desta quinta-feira (17), na sede do Sinmed para concederem uma entrevista coletiva. A pauta principal da entrevista foi norteada pela atual deficiência do sistema de saúde municipal e estadual.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Drº Geraldo Ferreira, a situação encontrada na saúde é de problema de gestão. "A saúde se encontra num estado gravíssimo, o que vemos é a precarização dos trabalhos dos profissionais da saúde". Não podemos ficar esperando a arrecadação aumentar, o repasse melhorar, há atitudes que podemos tomar agora e que precisam apenas de um melhor uso da tecnologia que temos, de forma simples”, disse.
Para ele não adianta exigir compromisso dos profissionais e não oferecer condições dignas de trabalho. Ele enumerou a ortopedia e a psiquiatria como os maiores problemas referentes à gestão. Muitos leitos espalhados pelos corredores do Walfredo Gurgel e falta de organização no gerenciamento de leitos, são os problemas mais simples vividos pelos profissionais.
Aliás, este foi o assunto mas debatido pela diretora do Sindsaúde, Sônia Godeiro. Há mais de seis meses sem pagar plantões eventuais e há pelo menos cinco sem o terço de férias, vários funcionários já passam por apuros financeiros. Apesar de isso ser um reflexo de várias gestões, o fato da nova administração ainda não ter recebido o sindicato para negociar é uma prova da falta de diálogo.
Ela deu como exemplo a privatização que vem ocorrendo em Natal. No bairro Nova Natal onde recentemente foi instalado um Ambulatório Médico de Especialidades (AME) as Unidades de Saúde da Família estão sucateadas e ameaçadas de despejo. “Como uma unidade dessa vai funcionar bem se o município não cuida nem do básico, imaginem assumir um pronto atendimento”, falou referindo-se ao intuito do governo em municipalizar os Pronto-Socorros regionais.
O presidente do sindicato dos odontólogos, Ivan Tavares, destacou a privatização da saúde como o viés do caos que vive a saúde pública. “Primeiro eles sucateiam a fim de justificar a privatização, mas aí se precariza o trabalho e não se apresenta um trabalho de compromisso para a sociedade”, disse.
O Sinmed ainda apresentou problemas vivenciados nas regionais de Mossoró, Currais Novos e João Câmara, bem como no setor de psiquiatria, considerados críticos. O neurocirurgião Luciano Araújo também denunciou a morte de dois pacientes no Hospital Walfredo Gurgel por falta de cateter para fazer a drenagem no cérebro. “É um dever nosso enquanto profissionais não sermos coniventes a isso”, afirmou.
Para o diretor do Sindsaúde, Paulo Martins, o setor de psiquiatria é um dos setores que mais demanda cuidados no Rio Grande do Norte. “A política de fechamento de leitos está deixando os pacientes do SUS desassitidos, não se pode continuar dessa maneira. Quantos ainda mais vão precisar morrer para que se tome uma providência?”, questionou.
No final da coletiva, foi anunciada uma série de ações conjuntas que serão desenvolvidas com o objetivo de brecar a precarização e descaso enfrentado na saúde.