17/11/2013
17/11/2013
Editorial
A vida quer da gente coragem
O governo se esbalda na lama, em guinchos triunfais. A cada semana o Ministro Padilha anuncia enxurrada de Estrangeiros, fruto do acordo com Cuba, que submete os trabalhadores médicos, que aqui chegam, a trabalho análogo à escravidão, sem contratos de trabalho, sem direitos trabalhistas, sem sequer o salário no fim do mês.
Ninguém sabe mais a quantidade, hora são três mil, hora seis, e diz-se que podem chegar a 13 mil. Tudo sob o olhar cúmplice da imprensa, que deveria ser a primeira a zelar pela lei e pelo direito.
Timidamente alguns veículos de comunicação começam a mostrar a desistência de profissionais, por falta absoluta de trabalho, outros mostram demissões de médicos brasileiros, com anos de trabalho, para serem substituídos pelos médicos importados, começam a aparecer relatos de erros grosseiros desses profissionais, a imprensa vendida aplaude um desses médicos que avança sua cadeira, ficando ao lado do paciente, criando um suposto ambiente mais humanizado.
Em audiência da Fenam com o Ministério Público do Trabalho houve, por parte dele, o entendimento de que nossas denúncias procedem. O Programa Mais Médicos é uma gigantesca fraude jurídica, que abarca os ministérios da saúde e educação, criando uma simulação de ensino ou especialização, numa situação clássica de relação trabalhista, tudo para possibilitar um intercâmbio com Cuba e a triangulação que nega a esses médicos o direito sagrado pela legislação brasileira e protegido por acordos internacionais, da proteção ao salário.
Mas a sociedade brasileira é madura e suas instituições sólidas. Teremos no fim do mês, dias 25 e 26, audiência no Supremo Tribunal Federal, onde se discutirá a constitucionalidade da aberração criada pelo governo. É um daqueles momentos decisivos do direito, de onde derivarão consequências para toda área trabalhistas e poderá ser uma lição preciosa de contenção do arbítrio, fruto de um governo que pensa poder tudo, inclusive afrontar a lei e o ordenamento jurídico da Nação.
2013 vai chegando ao fim, como um dos anos mais importantes para o movimento médico, as batalhas do ato médico e do Mais Médicos se inscreverão como das mais significativas já travadas pela categoria. Eventualmente, não termos tido as vitórias que desejávamos, não nos fez derrotados ou perdedores. Os que se entregaram com coragem à luta, os que defenderam a categoria das agressões infames do Ministro, do Governo e até da mídia comprometida, os que não se abateram nem se curvaram ante o poder do mais forte, os que resistiram defendendo o direito, esses bravos espalharam nas ruas do Brasil, ocupadas em incontáveis marchas, passeatas e manifestações as sementes de um movimento médico forte, unido, aguerrido, pronto para as lutas e desafios de 2014.
Muito se tem debatido se não houve erros de condução por parte do movimento médico. Eu, particularmente, não me arrependo de nada do que fizemos, faria tudo outra vez.
Guimarães Rosa tem um texto, que vez ou outra recito na abertura das reuniões da Fenam, fica aqui como uma reflexão final Todo Caminho da gente é resvaloso, mas também cair não prejudica demais, a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
Dr. Geraldo Ferreira – Presidente Fenam e Sinmed RN