"A Saúde no contexto dos Protestos", analisa Dr. Geraldo Ferreira

23/06/2013

"A Saúde no contexto dos Protestos", analisa Dr. Geraldo Ferreira

23/06/2013

O terremoto que sacode o Brasil nos últimos dias, e que teve início em razão do aumento das passagens dos ônibus, ganha contornos de maior amplitude, com reivindicações de combate à corrupção, fim da impunidade, contra a violência, exigindo melhorias na saúde, educação e segurança. Pedem, por exemplo, hospitais no padrão Fifa e criticam os gastos astronômicos com os estádios de futebol. O Rio Grande do Norte, nosso pobre Estado, teve dois estádios derrubados, o Machadão e o Machadinho, substituídos por uma Arena ou Coliseu, como chamam alguns jornais, ao preço de 600 milhões mais o sacrifício do nosso futuro, com empenho de uma série de bens públicos como o Centro Administrativo e até o Aeroclube, que a sanha do governo quer tomar da sociedade para garantir seus empréstimos e dívidas. Não é fácil deter a onda de protestos. Os médicos vem há algum tempo reclamando, denunciando, exigindo melhorias na saúde, várias vezes sentimos falta do clamor da sociedade e de sua presença nas nossas manifestações. Fala-se agora que o gigante acordou, mas a falta de lideranças que representem os sentimentos e efetivamente negociem o que os protestos desejam, podem dificultar que se alcancem os objetivos. Há uma profunda ojeriza aos partidos políticos e outras instituições que tentam dar qualquer ordenamento aos protestos. Mas, no fim, quem vai negociar? E o quê? Pede-se saúde de qualidade, financiamento e hospitais de padrão Fifa. Penso que as manifestações poderão emparedar o governo e forçá-lo a negociações. Na saúde as instituições associativas e sindicais estão roucos de gritarem aos ouvidos surdos dos governos por melhorias. A Federação Nacional dos Médicos mandou ofício a todos os Sindicatos orientando a participação nos protestos com a bandeira da Saúde de Qualidade. O sentimento dos médicos do Rio Grande do Norte é de apoio às manifestações e o desejo sincero de que os gestores se sensibilizem e ponham freio â corrupção, ao desperdício de recursos públicos e possam sinceramente determinar um novo rumo que traga avanços significativos na saúde, segurança, educação e transporte, entre tantas outras bandeiras expostas nessas marchas que percorrem as ruas dizendo que como está não dá para ficar.

Geraldo Ferreira Filho – pres. Sinmed RN

Editorial publicado no Novo Jornal, dia 23/06, na coluna Sinmed em Ação.
 

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