31/01/2013
31/01/2013
Muito se fala da gestão em instituições de saúde no Brasil e cada vez as coisas ficam mais difíceis para a população. Mais… Será que é tão complicado assim?
Vamos refletir:
REFLEXÃO II
Nas instituições de saúde e “nos hospitais, as habilidades e a formação da força de trabalho, a estrutura organizacional complexa e a especificidade dos serviços prestados tornam efetivamente difícil o gerenciamento e o controle das atividades” (SOUZA et al, 2009, p.16). Entretanto, é possível identificar as regularidades no trabalho clínico por meio da identificação e descrição em manuais, cadeias de cuidado ou protocolo, contribuindo inevitavelmente a construção de metodologias organizacionais devidamente combinadas a padronização de condutas diagnósticas e necessidades terapêuticas.
Nas últimas décadas, o interesse na utilização de bancos de dados pelos serviços de saúde, de forma rotineira, constituiu-se em ferramenta na elaboração de planejamento, gestão e políticas de saúde. Paim e Teixeira (2006, p. 74) entendem como política de saúde, “a resposta social diante das condições de saúde dos indivíduos e das populações e seus determinantes, bem como em relação à produção, distribuição, gestão e regulação de bens e serviços que afetam a saúde humana e o ambiente”. A área de saúde é considerada um ambiente complexo que busca a interação da prestação de serviços por meio de políticas de saúde, fatores estes importantes à promoção da melhoria na qualidade do atendimento, e que haja equivalência e boa utilização dos recursos, integrando clientes e fornecedor do serviço num modelo assistencial à saúde.
Apesar de que “o governo brasileiro vem realizando ações no sentido de oferecer serviços de saúde de qualidade para toda a população” (SOUZA et al, 2009, p.17), “muitas organizações no Brasil ainda têm uma visão restrita em relação à segurança, à medicina do trabalho e à saúde ocupacional” (QUELHAS; LIMA, 2006 p. 4). A humanização do atendimento hospitalar é alvo de muita discussão, principalmente no tocante a vulnerabilidade do paciente e o confronto com tecnologias de humanização. Assim, estudos dão ênfase à importância desse tema em atenção ao atendimento básico em que muitas vezes o sujeito não é um cliente adoecido, entretanto necessita da mesma forma um atendimento de qualidade e humanizado. Dessa forma, observa-se que “em função do crescimento das exigências, tanto da população quanto do próprio governo, os hospitais começam a implementar processos e novas formas de gestão em função de melhorar toda a estrutura hospitalar” (AZEVEDO et al, 2002, p.3) com políticas públicas capaz de fazer ao desafio à governança na área de saúde. Para os autores Bittencourt, Kliemann Neto (2009, p. 89) “a definição de políticas públicas e a gestão de sistemas de saúde requerem uma visão abrangente e ao mesmo tempo específica a respeito dos fenômenos de troca, seja de pacientes ou de informações”, e acrescentam que ao se levar a prática uma política no sistema, as facilidades ocorrem na medida em que se conhecem as unidades influentes (BITTENCOURT, KLIEMANN NETO, 2009).
As organizações de serviços em saúde delineadas por novas configurações econômicas em frente a crises do Estado, competitividade e a importância da atividade sanitária tem buscado aprimorar seus modelos de gestão. Santos et al, (2012) afirmam que para captar o conhecimento se faz necessário, sobretudo, ter profissionais capacitados com visão de negócio e total domínio da área em que atuam. Para tanto, o modelo de gestão por competência tendo por objetivos a captação de conhecimento e visão do negócio, por meio da promoção e desenvolvimento do quadro de funcionários. Nesse sentido, investir em recursos humanos em que os colaboradores estejam treinados, preparados e motivados é um grande diferencial competitivo, a fim de proporcionar aos gestores alçarem seus objetivos ao prestar aos clientes melhor atendimento (AZEVEDO et al, 2002), haja vista a concorrência influenciar as organizações de saúde, tais como, clínicas, hospitais e laboratórios entre outros, a ponto de ser requerida a necessidade da busca de um diferencial competitivo em que a oferta de serviços deverá ter uma maior qualidade ao menor custo para o usuário. Locks e Silva Neto (2011, p.1) afirmam que “o paradigma da administração moderna concentra esforços para o desenvolvimento do capital humano, haja vista as diversas pesquisas que desenvolvem o tema, tanto nas organizações como no meio acadêmico”. (CONTINUA no próximo número).
Referencial:
AZEVEDO, Daniela Lange; OLIVEIRA, Zimmermann de Oliveira; ROCHA, Rudimar Antunes; PISTÓIA, Luiz Carlos. Gestão da Mudança na Saúde – A Acreditação Hospitalar. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002.
BITTENCOURT, Otávio Neves da Silva; KLIEMANN NETO, Francisco José. Rede Social no Sistema de Saúde: um Estudo das Relações Interorganizacionais em Unidades de Serviços de HIV/AIDS. RAC, Curitiba, v. 13, Edição Especial, art. 6, p. 87-104, Junho 2009.
LOCKS, Rosilene; SILVA NETO, José Moreira da. Profissionalização dos Serviços Públicos: Abordagem em competências essenciais. XXXV Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro/RJ – 4 a 7 de setembro de 2011.
PAIM, Jairnilson Silva; TEIXEIRA, Carmen Fontes. Política, planejamento e gestão em saúde: balanço do estado da arte. Rev Saúde Pública 2006;40(N Esp):73-8.
QUELHAS, Osvaldo Luiz Gonçalves; LIMA, Gilson Brito Alves. Sistema De Gestão De Segurança E Saúde Ocupacional: Fator Crítico De Sucesso À Implantação Dos Princípios Do Desenvolvimento Sustentável Nas Organizações Brasileiras. Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente – v.1, n.2, Artigo 2, dez 2006.
SOUZA, Antônio Artur de; GUERRA, Mariana; LARA, Cynthia Oliveira; GOMIDE, Pedro Lúcio Rodrigues; PEREIRA, Carolina Moreira; FREITAS, Deyse Aguilar. Controle de Gestão em Organizações Hospitalares. Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 15-29, julho-setembro 2009.
SANTOS, José Antonio Alves dos; NASCIMENTO, Rejane Prevot; ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; SANTOS, Vânia Martins dos. O papel de uma universidade corporativa para o desenvolvimento da aprendizagem organizacional: Análise de uma empresa de serviços de saúde. Revista de Ciências da Administração. v. 14, n.34, p. 91-102, dez 2012.