Zika causa o primeiro óbito no RN

Zika causa o primeiro óbito no RN

 A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) con-firmou na noite de ontem o primeiro óbito causado pelo zika vírus no Rio Grande do Norte. Os detalhes sobre o caso serão explicados em coletiva de imprensa com a coordenadora de Promoção à Saúde, Cláudia Frederico, agendada para hoje, às 10h, na Sala de Situação, localizada no sétimo andar da Sesap. 

 
Ainda de acordo com as autoridades da área de saúde, o Rio Grande do Norte registrou, até o dia 13 de janeiro, 181 casos de microcefalia suspeitos de estarem relacionados ao zika vírus. Neste mesmo boletim, a Sesap confirmou associação entre o zika vírus com a microcefalia em quatro casos no estado, envolvendo dois abortos e dois recém-nascidos falecidos com poucas horas de vida. 
 
Enquanto isso, os agentes de endemia do município que integram a força-tarefa constituída para combater os criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e zika, continuam atuando nos bairros Potengi e Mãe Luiza, zona Leste de Natal.
 
Segundo o gerente do Distrito Sanitário Leste (DSL), Carlos Magno, os trabalhos nestas localidades consistem de visitas domiciliares e dos imóveis fechados e/ou abandonados, limpeza urbana e de terrenos baldios, tratamento focal e utilização de UBV costal nos pontos mais críticos e orientações, com distribuição de material informativo, à população, sobre os cuidados que devem ser seguidos para combater o Aedes aegypti.
 
Vacina
 
O Brasil e os Estados Unidos planejam o desenvolvimento e a produção de uma vacina contra o zika vírus. Segundo revelou o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jarbas Barbosa, os dois governos devem costurar um acordo nesta semana, em Genebra. A iniciativa ocorre no momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) emite um alerta de que a doença deve se espalhar pela maior parte do continente americano.
 
“Para esse desenvolvimento de uma vacina, poderemos estabelecer uma rede de cooperação com os Institutos Nacionais de Saúde americanos (NIH, sigla em inglês)”, declarou Barbosa, que está na Suíça para reuniões na OMS. 
 
Segundo ele, a entidade americana reúne centros que já trabalham com o Brasil na vacina da dengue em desenvolvimento pelo Instituto Butantã de São Paulo. “Vamos ter uma conversa aqui em Genebra com os americanos exatamente para isso”, revelou. Barbosa, porém, aponta que a aliança não estará fechada à participação exclusiva do Brasil e dos Estados Unidos. “Outros países poderão se unir. É uma preocupação global”, disse.
 
A vice-diretora-geral da OMS, Marie Paule Kieny, apontou que os trabalhos “começam a ser feitos”. Ela ressalta, porém, que a comunidade médica não pode esperar que um produto esteja no mercado em menos de um ano. “Enquanto isso, a medida que temos de adotar é a de fortalecer o combate ao vetor (o mosquito Aedes aegypti)”, disse.
 
A proliferação dos casos para 21 países também levou a OMS a convocar uma reunião especial em Genebra para quinta-feira. Será quando a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) vai apresentar as últimas informações e dados sobre a realidade da doença e o Brasil também deve se pronunciar no encontro.
 
O novo cenário já fez a OMS assumir para si o combate à doença. No comando, Marie Paule disse à reportagem que, neste momento, faz “um mapeamento de quem está fazendo o que na luta contra a doença”.
 
OMS contesta declarações de ministro sobre Aedes aegypti
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) contestou as declarações do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que disse que o Brasil “perde feio” a batalha contra o Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão de zika, dengue e chikungunya.
 
“Nós estamos há três décadas com o mosquito aqui no Brasil e estamos perdendo feio a batalha para o mosquito. Ano passado foi o (ano) que teve o maior número de casos de dengue no Brasil em toda a história”, disse Castro na segunda-feira.
 
Com cuidado político, a OMS mandou uma mensagem diferente sobre como avalia a situação. “Acho que é algo fatalista”, disse o porta-voz da entidade, Christian Lindmeier, na manhã de ontem (26), em Genebra, na Suíça.
 
“Se esse fosse o caso, poderíamos abandonar tudo. Não é o caso”, disse. “Podemos esperar ver a doença em mais lugares. Estamos trabalhando e é difícil eliminar o mosquito”, declarou o porta-voz.
 
A OMS também insistiu em não comentar o fato de o Brasil ter tido um recorde no número de casos de dengue. “Não é uma luta só brasileira. Ainda vemos o problema nas regiões tropicais. Não posso comentar a situação brasileira. O que, sim, vemos é que há muito esforço em medidas preventivas”, afirmou Lindmeier. 
 
Na quinta-feira, 28, a pedido da direção da OMS, uma reunião especial será realizada em Genebra para lidar com a crise do zika. Durante o encontro, a Organização Pan-Americana de Saúde fará anúncios sobre como tem lidado com a doença e países também apresentarão suas medidas. 
 
A OMS assumiu a coordenação do combate à doença apenas na semana passada, depois que o vírus havia sido registrado em 21 países.
 
Distribuição de repelente visa conter o surto de microcefalia
 
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, anunciou a distribuição de repelentes para aproximadamente 400 mil mulheres grávidas que fazem parte do cadastro no Bolsa Família. A medida tem como alvo o controle do surto de microcefalia no país, que já chegou a 3.893 casos. Apesar disso, constitui um recuo da proposta inicial. Castro ainda deu detalhes sobre a campanha contra o Aedes aegypti, que o governo pretende acelerar depois do carnaval.
 
O ministro informou que terá encontro com representantes de distribuidores de repelentes para verificar quantos produtos estão disponíveis, para que o governo compre e distribua. Em dezembro, ele havia anunciado a distribuição de repelentes para todas as grávidas do país – que registra 3 milhões de nascimentos por ano.
 
Caberia ao laboratório do Exército fabricar o produto. No mesmo dia, porém, o Exército negou que tivesse capacidade para produzir o item em larga escala. Após um mês de reuniões com vários laboratórios, na semana passada o ministro veio a público para admitir que não seria possível a distribuição para todas as gestantes.
 
Ainda no domingo, Castro voltou a causar polêmica. Em uma visita à Sala de Situação do Distrito Federal para Controle da Dengue, repetiu que o país está “perdendo feio a guerra” contra o Aedes aegypti. Segundo ele, o foco tem de ser mantido no combate ao inseto, o “inimigo número 1” do país. A frase, já dita na sexta, foi considerada “infeliz” e desagradou a presidente Dilma Rousseff, com quem se reuniu na sequência.
 
Depois do encontro com a presidente, o ministro da Saúde anunciou que no dia 13 de fevereiro cerca de 220 mil homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica deverão fazer uma mobilização nacional, com visitas a residências, para orientar a população. “Se a sociedade não chamar para si a responsabilidade, nós não seremos vitoriosos”, disse Castro.
 
Ele adiantou ainda que Dilma participará, na sexta, de videoconferência com governadores e representantes das Forças Armadas para discutir ações. O governo federal deve propor às administrações a adoção de medidas contra o inseto já adotadas por algumas cidades, como Goiânia. 
 
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