Setor de pediatria do Hospital Municipal de Natal é usado como “necrotério provisório”, aponta Sinmed

Setor de pediatria do Hospital Municipal de Natal é usado como “necrotério provisório”, aponta Sinmed

 Publicado em 15/03/2016 às 08:41

Setor de pediatria do Hospital Municipal de Natal é usado como “necrotério provisório”, aponta Sinmed

Sindicato dos Médicos levará denúncia ao Ministério Público e já solicitou audiência com o secretário de Saúde de Natal para discutir o problema

Por: Redação

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Divulgação

Médicos do Hospital Municipal de Natal estão em desespero com alta demanda e falta de estrutura da unidade para atender aos pacientes. Em visita de urgência ao setor de pediatria do hospital, inaugurado em dezembro de 2015, o Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed) constatou a angústia dos profissionais em trabalhar sem remédios e sem estrutura adequada. Ao constatar uma série de irregularidades, o Sinmed encaminhou ofício para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), solicitando audiência com o secretário Luiz Roberto, e também deve solicitar ao Ministério Público que também atue judicialmente para garantir os direitos dos pacientes.

O retrato do hospital é a superlotação nos corredores, o atendimento de pacientes em uma média de sete horas, falta de agulhas para punção de crianças. Além disso, profissionais muitas vezes trazem medicação de outros hospitais, pacientes precisam comprar medicações por falta na unidade, macas são divididas por duas crianças, entre outros problemas.

O Sinmed RN ouviu denúncia dos profissionais do plantão de que o setor de pediatria é usado como necrotério provisório e pacientes que deveriam ficar em isolamento ficam na enfermaria, com grande risco de contaminação para todos.

O presidente do Sinmed, Geraldo Ferreira, falou sobre os problemas da alta demanda no hospital. “Poucos plantonistas para a demanda, o médico tem que parar o atendimento da urgência para internar e é uma burocracia o internamento, demora e deixa o paciente aguardando no consultório. Isso acaba repercutindo no médico que é quem está na linha de frente”.

Segundo apurou o sindicato, os profissionais de enfermagem também se encontram em situação de desespero, uma vez que hoje falta 70% de insumos no hospital. As enfermeiras relataram trabalhar sem corticoide na emergência infantil, falta agulha adequada para as crianças há uma semana, e só tem um termômetro para todo o hospital.

Está acontecendo no Hospital Municipal o que os profissionais da saúde chamam de “remanejamento da verba SUS”, que é quando se traz insumos e medicamentos de um hospital para suprir a carência de outro.

Devido à demanda, os exames demoram várias horas para serem entregues, já que o laboratório atende ao setor clínico, pediatria e ortopedia do hospital. Durante a visita do sindicato, uma senhora com um bebê de oito meses, que estava com febre e manchas no corpo, aguardou sete horas – das 10h às 17h – para atendimento, exame e retorno. Durante todo esse tempo a paciente ficou sem se alimentar.

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