“O Huol está disponível, tem lá o ambulatório, os professores e demais profissionais. Porém, para essa criança chegar até o atendimento, tem a questão da regulação e das vagas. Isto foi discutido hoje e será encaminhado ao Dr. Ricardo Lagreca [Secretário Estadual de Saúde] para que ele possa chamar os outros municípios e acertar como será este encaminhamento”, explicou Cláudia. Segundo a coordenadora, é preciso que haja um cadastro no sistema – via protocolo – para que a demanda seja organizada, conforme a capacidade de acompanhamento. Enquanto isto, ela garante que as crianças estão sendo assistidas de forma natural em qualquer unidade de saúde do RN.
“O bebê diagnosticado com microcefalia, passado os primeiros dias de atendimento, pode ir para casa. O que acontece é que esta criança será acompanhada por um especialista, com as consultas regulares, via Huol. Não há um desespero para transferência ao hospital. E, dessa forma, o serviço tem qualidade garantida”, disse. A coordenadora, no entanto, não confirmou ações preventivas para o combate da microcefalia. “O grande problema é que ainda não sabemos o agente causador. Se for mesmo o zika vírus, seria Aedes aegypti. No caso, dengue. O que tem que fazer é atacar o mosquito. Mas, algo como carro fumacê ou outros atos de epidemia, não estão definidos”, declarou Cláudia.
Apesar da posição do Estado, que aguarda por relatórios mais específicos sobre o assunto, há quem já exerça ações de prevenção do zika vírus. O município de Natal, atualmente com 17 casos de microcefalia, com crianças em observação, permanece com o controle vetorial do mosquito Aedes aegypti. “O trabalho é realizado rotineiramente pela Secretaria Municipal de Saúde. Mas, só a investigação epidemiológica é que mostrará o porque dessa elevação de anomalias genéticas”, informou Aline Bezerra, chefe do setor de vigilância epidemiológica da SMS.
Ainda de acordo com Claúdia Frederico, nenhum dos casos diagnosticados no Rio Grande do Norte tiveram confirmação de similaridade entre o zika vírus e a microcefalia. “O Ministério da Saúde tem usado Pernambuco como uma espécie de laboratório porque muitas mães informaram terem tido o zika. Mas, no RN, ninguém declarou isso”, frisou. A reportagem da TN questionou o infectologista Kleber Luz, que acompanha a situação, acerca da possibilidade de confirmar tal paralelo. “Passado tanto tempo, depende da memória da mãe, porque não há exame para a zika agora. Mas, os sintomas são bem específicos. Quem tiver tido, vai saber”, pontuou.
Questionado sobre qual a tendência para o número de diagnósticos, o infectologista faz um alerta preocupante. “Se for zika o causador, poderemos ter casos acontecendo até março de 2016. Se a motivação for diferente, não há como precisar ainda”, salientou. No Rio Grande do Norte, durante a última quarta-feira (11), o Ministério da Saúde confirmou 21 casos em aproximadamente um mês. Na manhã de ontem, a Sesap ampliou o balanço para 35, tanto na capital quanto no interior do Estado. Além disso, outras regiões do Nordeste, como cidades do Piauí e Pernambuco também estão tendo aumento de registros.
A Secretaria Estadual de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap) pretende oficializar o cronograma de atendimento aos casos de microcefalia no Estado até o fim desta semana. A informação é da coordenadora de promoção da saúde do órgão, Cláudia Frederico, responsável pela operação. Ontem (16), ela esteve reunida com representantes do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), para discutir o melhor sistema de formalização dos protocolos e o fluxo de pacientes que a unidade poderá receber. De acordo com a Sesap, até o último domingo (15) o total de registros subiu de 30 para 35 diagnósticos, assim como a doença chegou a mais dois municípios – totalizando 17.
Junior SantosCláudia Frederico, coordenadora de Promoção da Saúde da Secretaria de Saúde no Estado