Prevenção do câncer de próstata é prioridade

Prevenção do câncer de próstata é prioridade

 Publicação: 2015-11-08 00:00:00 | Comentários: 0

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O homem encontra muitas dificuldades na busca por serviços de saúde, principalmente de acesso, fato já registrado em alguns estudos. De acordo com a enfermeira e professora universitária Joana D’Arc Dantas Soares, o homem não aceita o adoecimento — por demonstrar fragilidade — e os entraves impostos pelo próprios sistema, como a oferta de horários nas unidades básicas de saúde, inviabilizando consultas e até mesmo questões relacionadas à prevenção.

arquivo tnSegundo a Sociedade Brasileira de Urologia pouca divulgação da prevenção dos cânceres de pênis e testículos, igualmente perigosos, deve-se à baixa incidência deles, o que não justificaria campanhasSegundo a Sociedade Brasileira de Urologia pouca divulgação da prevenção dos cânceres de pênis e testículos, igualmente perigosos, deve-se à baixa incidência deles, o que não justificaria campanhas



“Enquanto a mulher tem o hábito de ir ao hospital semestralmente ou anualmente para a realização de seu exame preventivo, e sabendo que é uma necessidade por possuir um sistema reprodutivo, o homem mesmo tendo essa consciência, ele não procura; e o adoecimento é justamente o pontapé que ele precisa ter para que tenha essa tomada de decisão”, comenta Joana D’Arc, situando o câncer de próstata dentre essas questões.


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“Nós sabemos que o homem, ao envelhecer, é natural que sua próstata aumente e que isso acabe gerando alguns desconfortos. No entanto, o aumento exagerado dessa próstata e a não avaliação contínua, anualmente por esse homem, junto a um urologista, faz com que ele se torne cada vez mais um candidato muito positivo à neoplasia prostática”, analisa a professora. 



Ela considera o homem um sujeito visto de forma segmentada, pouco aprofundada, tanto pela sociedade quanto como pelas próprias políticas voltadas para a qualidade de vida, dentre elas a Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem, criada em 2008 na tentativa de incentivar a procura  do homem pelos serviços de saúde e, assim, diminuir a mortalidade masculina no Brasil.



Prioridade para a próstata



Enquanto no mês de novembro as atenções estão inteiramente voltadas para o câncer de próstata indaga-se por que outros cânceres masculinos igualmente perigosos e fatais, como o de testículos e de pênis, também não estampam campanhas governamentais. Um dos motivos é a baixa incidência dos dois.



De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, o câncer de testículos pode ser considerado raro, registrando uma incidência de 2,8 a 4,5 novos casos por ano para cada 100 mil indivíduos. Em 1993, O Hospital das Clínicas de São Paulo registrou 2,2 casos para cada 100 mil paulistanos.   



Para se comparar, o câncer de próstata atinge 30% dos homens a partir dos 50 anos, o que justificaria maior atenção dos órgãos governamentais e da própria mídia. Em entrevista à revista Boa Saúde, o presidente da SBU, Stênio de Cássio Zequi, reconhece a pouca difusão do câncer de testículo.



“Não se justifica do ponto de vista econômico e de medicina preventiva investir em prevenção do câncer de testículo – seria lógico aplicar esses recursos em doenças de maior importância, como tuberculose, verminose, desnutrição, por exemplo ou o próprio câncer de próstata”, argumentou o presidente da SBU. 



O câncer de pênis tem ligação com questões como falta de higiene, e tem amor incidência nas regiões Norte e Nordeste. Uma de suas sequelas pode ser a amputação do órgão sexual masculino. A professora Joana D’Arc comenta a situação de alguns pacientes submetidos a formas de radicais de tratamento, como a amputação do pênis.



“Eu já tive oportunidade de trabalhar aqui na Universidade Federal e tive oportunidade de levar meus alunos para o Hospital Onofre Lopes e me deparar com homens jovens, de quarenta e poucos anos, submetidos a essas penectomias totais e parciais; e esses homens jovens submetidos a essas penectomias que, muitas vezes, eles foram procurar o serviço de atenção básica e lá o médico diagnosticou uma infecção, uma doença sexualmente transmissível, e que o uso de medicações era feito pelo farmacêutico; ou seja, demora no diagnóstico, demora na descoberta e o tratamento é radical”, comenta. 



Você sabia?

Perguntas básicas sobre o câncer de próstata



Que o câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais comum entre os homens?

O segundo tipo de tumor mais comum entre os homens, representa cerca de 10% do total de todos os cânceres[1]. Os tumores de próstata afetam principalmente homens com mais de 50 anos. À medida que a idade avança, a prevalência aumenta. Na faixa etária dos 75 anos, a doença chega a acometer 50% da população masculina[2]. Por conta disso, exames periódicos são fundamentais para o diagnóstico precoce e devem ser feitos anualmente após os 40 anos.



Que a próstata se localiza na parte baixa do abdômen?

A próstata é um órgão muito pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto, envolvendo a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. A próstata produz parte do sêmen, líquido espesso que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual.



Que a maioria dos homens ainda resiste em ir ao médico realizar os exames periódicos?

Embora reconheçam a importância de fazer exames, a maioria dos homens ainda resiste em procurar um médico. Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia apontou que 87% dos homens não fazem os exames retais por preconceito e de acordo com outra pesquisa sobre a saúde masculina realizada pelo Instituto Datafolha, com apoio da AstraZeneca, revelou que 76% dos homens brasileiros com idades entre 40 e 70 anos têm conhecimento sobre o exame de toque retal, porém apenas 32% já fizeram o teste. 



Que os homens acima dos 40 anos devem realizar o PSA anualmente?

Homens acima dos 40 anos de idade devem realizar o exame preventivo PSA (exame de sangue), que detecta anormalidades no órgão, e o exame de do toque retal. Cerca de 20 a 25% dos casos de câncer da próstata podem evoluir mesmo com PSA normal. Em média 20% dos pacientes com tumor benigno da próstata podem apresentar PSA aumentado. Isso significa que nem sempre o PSA traz informações definitivas no diagnóstico do câncer da próstata. Porém, a análise da variação de dosagens seriadas do PSA, ao longo do tempo, pode auxiliar muito na detecção precoce do tumor maligno da glândula. 



Que existem diversas formas de tratamento?

O descobrimento precoce da doença é importante para que não ocorra metástase. Existem hoje diferentes opções de tratamento, que podem ser recomendadas pelo médico de acordo com a situação de cada paciente: 

– Castração cirúrgica: Consiste na remoção dos testículos, que produzem 95% da testosterona do corpo, com o objetivo de encolher o tumor e/ou prevenir seu crescimento futuro através da remoção da fonte de que o alimenta (hormônio). O procedimento frequentemente leva à diminuição do desejo sexual e impotência.

– Terapia hormonal com análogos do LHRH: A terapia com análogo do LHRH (hormônio liberador do hormônio luteinizante) consiste na queda no nível de testosterona e produz um resultado tão bom quanto a remoção dos testículos, porém sem envolver cirurgia.

– Radioterapia: utiliza raios de alta energia para matar as células do tumor, mas pode atingir também as células sadias. É utilizada quando o câncer de próstata não se estende além da próstata (Estágios T1-T2) e pode ajudar a prevenir que o câncer se dissemine.

– Braquiterapia: são introduzidas sementes radioativas (em torno de cem unidades) diretamente na glândula prostática. Esse procedimento é realizado em sessão única, sob anestesia. As sementes emitem raios continuamente durante meses.



[1] Instituto Nacional do Câncer – INCA



[2] Correlação entre prostatite tipo IV (NIH), PSA elevado e câncer de próstata, pg 753, volume 181, da edição número 4, de abril de 2009 do Journal of Urology (http://www.jurology.com)

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