No Nordeste, RN está em 3º lugar em casos de câncer de próstata
No Nordeste, RN está em 3º lugar em casos de câncer de próstata
O Rio Grande do Norte é o terceiro estado com maior incidência de câncer de próstata entre os homens da região Nordeste. A informação é do Instituto Nacional de Câncer (Inca) que, segundo estimativa realizada em 2014, apontou o alto índice da doença entre os potiguares. No estado, 54 a cada grupo de 100 mil homens possuem a enfermidade, que já é o segundo tipo de carcinoma mais comum entre os brasileiros, ficando atrás apenas do câncer de pele.
O RN só não possui números mais altos que os estados de Sergipe e Pernambuco. Enquanto que entre os sergipanos a média é quase idêntica à estatística potiguar, com 54,7 homens apresentando a doença a cada grupo de 100 mil, os pernambucanos lideram o funesto ranking com 58,1 pessoas com câncer de próstata a cada montante analisado pelo instituto.
Em cifras concretas, mais de 700 novos casos são descobertos todos os anos pela Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, instituição médica especializada no tratamento das mais diversas variedades da doença. De acordo com dados da própria Liga, a ocorrência do câncer de próstata nos potiguares sofreu um leve aumento entre os anos de 2013 e 2014, passando de 708 para 716 registros.
Na prática, isso significa que quase dois homens são diagnosticados com a doença no Rio Grande do Norte todos os dias. A média real é de quase dois casos diários. Até o final de julho passado, 370 exames realizados na instituição de saúde deram positivos para o aparecimento do distúrbio na glândula, que apenas existe nos homens. No mesmo período, no ano passado, foram 400 ocorrências, apontando para uma redução de 7,5%.
Se esse mesmo ritmo for mantido até o final do ano, mais 306 diagnósticos serão identificados ainda em 2015. Resultando em uma queda, em relação aos anos anteriores, encerrando o período com 676 aparições da enfermidade.
Por acometer exclusivamente os homens, parcela da população que historicamente negligencia a realização de exames preventivos, os números do câncer de próstata em todo o país podem ser ainda mais altos.
Entretanto, para o médico e presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) no estado, Rodrigo Bastos, o crescente número de diagnósticos se deve também à maior preocupação dos homens com a saúde, graças às campanhas educativas. “Eles estão ficando mais conscientes, informando-se pelas campanhas, o que está trazendo o paciente para o consultório de urologia, aumentando a descoberta do câncer em estágios tratáveis”, declara.
Outro fator apontado pelo urologista para os altos índices é o envelhecimento da população masculina brasileira, que atualmente possuí uma expectativa de vida de 71,3 anos de idade. “Como a doença normalmente surge a partir dos 50 anos, é normal que o número aumente junto com o envelhecimento desses indivíduos”, esclarece.
O câncer de próstata, como ensina o médico urologista Verdi Dantas, da Liga contra o Câncer, atinge a glândula localizada logo abaixo da bexiga do homem e que envolve a uretra, canal condutor da urina. O tumor se desenvolve principalmente na chamada zona periférica da próstata, o que pode causar um crescente aumento de seu tamanho. Esse tipo de câncer não apresenta sintomas visíveis em seu estágio inicial, o que dificulta a descoberta imediata da doença.
“Quando começa a dar os sintomas, como frequência da vontade de urinar, dificuldade para conseguir, sangue na urina, dor na parte óssea e outros sintomas, o câncer já está em uma fase tardia e que não é mais curável”, explica. Em casos mais avançados, as células cancerígenas podem se espalhar por outros órgãos próximos como bexiga, vesículas seminais e reto, além de ossos e gânglios linfáticos.
Grupo de risco incluí idosos, negros e sedentários
De acordo com uma estimativa realizada pelo Inca, 69 mil brasileiros são diagnosticados com câncer de próstata todos os anos. Desses, a maioria encontra-se no chamado grupo de risco, que incluí homens acima de 65 anos, negros, que apresentem algum histórico familiar relacionado à doença, sedentários ou que possuam uma alimentação à base de gordura animal, sem a inclusão de frutas, legumes, verduras e grãos na dieta.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Urolo-gia no RN (SBU-RN), Rodrigo Bastos, a recomendação é de que as pessoas que se enqua-dram nessas características comecem a realizar exames periódicos a partir dos 40 anos, enquanto que para o restante o ideal seria a partir dos 50.
“Não temos ainda uma ideia clara do por que há uma incidência maior em grupos como os afrodescendentes, principalmente no Brasil e nos EUA, mas sabemos que genética e uma má alimentação estão diretamente ligadas a essas ocorrências”, destaca.
Segundo dados da própria SBU, 51% dos homens brasileiros nunca consultaram um especialista, o que colabora para a descoberta da doença apenas em estágios mais avançados, com escassas chances de cura.
Segundo afirma Rodri-go Bastos, ainda há certo receio no momento do exame preventivo do toque, que junto com o teste do PSA (sigla em inglês para “antígeno prostático específico”), continua sendo a forma mais segura e prática de diagnóstico.
“É importante dizer que o toque retal é um exame indolor, rápido e que não tira a masculinidade de ninguém. Ainda tem muitos pacientes que chegam aqui querendo fazer apenas o PSA, sendo que ambos são importantes para o diagnóstico”, explica.
Essa também é a opinião do urologista Verdi Dantas, que alerta para o fato do teste do antígeno prostático específico apontar um resultado falso, em algumas ocasiões. “Eu diria que em torno de 20% dos exames de PSA com resultados normais, o paciente já possui o câncer de próstata”, adverte.
Ainda de acordo com ele, os números desse tipo de carcinoma são alarmantes, o que apenas reforça a importância da prevenção e do tratamento em seu estágio inicial. “Culturalmente, o homem ainda tem medo ou vergonha de ir ao médico. No entanto, de todas as variedades de câncer existentes, que afetam tanto homens e mulheres, o de próstata representa 10% do total de casos”, informa.
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