Médico agredido em Tibau irá recorrer a Justiça; leia entrevista

Médico agredido em Tibau irá recorrer a Justiça; leia entrevista

 Publicação: 2015-12-07 21:26:00 | Comentários: 0

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Sara Vasconcelos

Repórter



O médico Antônio Andrade, de 65 anos, agredido na última sexta-feira (4), em uma unidade de saúde do município de Tibau do Sul, litoral Sul a 80 quilômetros de Natal, irá entrar com ação na justiça para que o agressor Guilherme Mendes de Farias responda criminal e civilmente pelo seus atos. “Ele precisa aprender a responder por aquilo que faz. Então, tudo que houver legalmente para ser feito… A Justiça que vai se encarregar agora”, disse. 



O resultado do exame de corpo de delito será entregue hoje ao Ministério Público estadual, em Goianinha, para que o órgão ingresse com uma ação penal por desacato a servidor público na exercício da profissão.

ReproduçãoMédico Antônio Andrade precisou levar pontos no supercílio. Agressão ocorreu na última sextaMédico Antônio Andrade precisou levar pontos no supercílio. Agressão ocorreu na última sexta



O médico conta que estava fazendo atendimento de sutura a um paciente que caiu de moto e tinha várias escoriações, quando ouviu o tumulto lá fora. Após o atendimento, a recepção avisou que havia um colega médico querendo falar comigo e se apresentou como cirurgião médico familiar do Guilherme, e pediu autorização para fazer a sutura. “Informei ao colega que teria uma segunda sutura, com o  paciente já aguardando na sala, e que poderia fazer em seguida”, disse. 


O médico lembra que precisou interromper o atendimento por conta dos gritos, palavrões e pontapés, que Guilherme desferia nas paredes e portas.  “Insisti com ele: você já foi atendido, só preciso liberar a sala. Não posso parar, não é mais uma emergência, você já foi atendido”, afirma. 



Foram 40 minutos do tempo que de entrada do paciente na Unidade Mista de Saúde até a agressão, estima o médico. “Quando ocorreu a agressão, eu já havia terminado a sutura, já havia liberado a sala e aguardava apenas a limpeza para que o colega cirurgião, médico particular dele, pudesse fazer a sutura nele”.



Natural de Santa Catarina e aposentado desde 2005, ele conta que nunca viu nada parecido em 37 anos de profissão. “Eu fiquei bastante surpreendido. Não esperava. Não tinha nenhum sentido”, conta o médico, que foi a Canguaretama registrar a ocorrência na Delegacia de Polícia Militar contra o agressor e voltou para concluir o plantão de 24h na unidade do litoral Sul de Natal.



O médico Antônio Andrade foi agredido a chutes e socos na noite da última sexta-feira (4) na unidade básica de saúde de Tibau do Sul. Segundo o Ministério Público, Guilherme Mendes de Farias chegou no posto médico “embriagado, perturbado e agressivo, chegando a esmurrar uma parede, exigindo atendimento médico de urgência”. Quando a vítima foi explicar que ele teria que aguardar enquanto ele realizava um procedimento médico, acabou agredido.



O caso gerou muita repercussão nas redes sociais durante o fim de semana. Por meio do Whatsapp foi difundido o vídeo mostrando a agressão contra o médico, além das notas divulgadas pelo agressor e seu pai.



Bate-papo

Antônio Andrade

médico clínico geral e sanitarista



Depois da agressão, que providências o senhor pretende tomar?

Quando ocorreu a agressão, eu já havia terminado a sutura, já havia liberado a sala e aguardava apenas a limpeza para que o colega cirurgião, médico particular dele, pudesse fazer a sutura nele. Alterado, ele pegou o primeiro homem que apareceu pela frente e começou a bater, com muita violência. Eu fiquei bastante surpreendido. Não esperava. Não tinha nenhum sentido. Ele foi agredindo com chutes, socos, pontapés e continuou batendo até que as pessoas que estavam com ele o imobilizaram. A Polícia chegou e deu voz de prisão, o levaram e foi lavrado o auto contra ele.



O senhor também foi a Delegacia prestar depoimento, registrar boletim de ocorrência?

Eu fui prestar meu depoimento, na Delegacia de Canguaretama, onde havia escrivão para lavra a ocorrência. Ele deu o depoimento dele e foi liberado. Eu dei o meu e voltei para terminar o meu plantão. Continuei o plantão até às 7h da manhã do sábado. A ocorrência foi por volta das 20h30. Ele deve ter dado entrada às 19h50 e passaram 40 minutos até a agressão.  



Quantos anos de profissão?

Desde 1978, são 37 anos de profissão. Eu me aposentei em 2005, em Santa Catarina, de onde sou natural,e em 2013 voltei à atividade aqui em Natal. 



O senhor já tinha presenciado algo parecido?

Nunca tinha visto nada parecido. Ele já chegou alcoolizado, tinha caído no banheiro e tinha um corte na cabeça, que não cheguei a ver porque foi o médico particular dele que o tinha atendido. 



Quais as ações que o senhor deve tomar, vai recorrer a Justiça?

Eu já havia feito um exame de corpo de delito com um plantonista, mas hoje [ontem] fiz um junto ao ITEP para não haver questionamentos e vamos encaminhar amanhã [hoje] o resultado para o delegado e para o Ministério Público, em Goaininha, e seguir todos os trâmites para que ele responda.



O senhor vai entrar com ação criminal e também civil por reparação de danos?

O que for necessário. A família, a esposa [dele] veio conversar, dizer que quando bebe fica alterado. Eu disse que ela tinha todo o direito de tentar proteger, mas eu não vou tirar uma palhinha daquilo que corresponde ao que ele fez.



Pela idade, que é um agravante, o senhor cogita enquadrar ele por crime contra o idoso?

 Sim. Eu tenho 65 anos, ele tem 32. Ele tem acima de 1,80 cm e eu 1,65 cm, não tinha proporção. Primeiro, agressão não se justifica em situação alguma. Muito menos ali, que ele já havia sido atendido e estava aguardando a liberação da sala. Foi uma agressão gratuita e covarde. Ele precisa aprender a responder por aquilo que faz. A Justiça que vai se encarregar agora.



O caso ganhou uma repercussão com o vídeo nas redes sociais…

Essa repercussão é porque a sociedade está farta de tanta violência e de impunidade. Enquanto estava lá esperando, ele gritava que era filho de fulano de tal, sobrinho da fulana de tal. E isso dá o direito de maltratar as pessoas, sair batendo? É um comportamento fora do padrão. Então, que ele responda.

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