Antes do anúncio da Sesap, o NOVO esteve no HUOL, no início da tarde, quando a direção da unidade ainda não havia recebido a comunicação oficial da decisão. Ainda assim, o superintendente do hospital, o clínico Stênio Gomes, ressaltou que a unidade está apta a receber os pacientes, a depender do protocolo de atendimento que será proposto pela Secretaria estadual de Saúde Pública.
“Ainda não temos uma ideia precisa do que se demandaria do hospital para apoiar a secretaria diante desses casos”, comentou. Mas, como estamos ligados ao SUS (Sistema Único de Saúde) e temos uma série de atividades junto com a pasta, digo que o hospital está disponível para atender as demandas”.
A ala localizada no primeiro andar do hospital é abastecida com 30 leitos, sendo três por enfermaria e ainda um isolamento com um leito, tendo sido instalada no início do ano passado após a fusão da unidade com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. “O andar é somente para internação pediátrica”, acrescenta o superintendente.
A parte ambulatorial segue sendo feita no setor de pediatria, que funciona vizinho à Maternidade Escola Januário Cicco. Até o momento, a unidade não registrou casos de microcefalia. “Não temos nenhum caso que se enquadre dentro do que foi divulgado pela Sesap”, afirmou o médico.
Segundo dados da Sesap, o RN registrou, de agosto a novembro deste ano, 30 casos da microcefalia, quando a média anual considerada normal é de dois. Das ocorrências apontadas pela secretaria, 11 foram em Natal.
A microcefalia consiste na má formação congênita no cérebro do feto, que pode apresentar o perímetro cefálico (PC) menor que 33 centímetros, quando habitualmente o esperado é superior a esse número em crianças nascidas de nove meses. No caso dos prematuros, os tamanhos podem variar, dependendo da idade gestacional em que ocorre o parto.
A origem do aumento significativo no número de registros segue desconhecida. Porém, dentro das principais suspeitas está a contaminação pelo zika vírus durante o período da gestação.
A doença tem sintomas semelhantes a dengue e chikungunya, que são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, e já teve 6.750 casos suspeitos em todo o estado. Não há informação, porém, quantos desses afetaram mulheres grávidas.
Além das suspeitas de infecções por agentes biológicos, outros fatores também podem ser considerados causadores da anomalia como uso de substâncias químicas durante a gestação ou contaminação por radiação.
Enquanto a causa segue indefinida, a pasta continua formulando junto a outros órgãos competentes um protocolo de atendimento. Em nota, a Sesap anunciou que algumas etapas já definidas. Após o encaminhamento da criança ao hospital, será feita uma bateria de exames a fim de diagnosticar a presença de alguma patologia decorrente da microcefalia, para que a partir daí cada caso seja acompanhado por um especialista da área.
Secretaria de Saúde de Natal também vai investigar casos
Já em alerta desde outubro sobre o elevado número de casos de microcefalia, a Secretaria de Saúde de Natal anunciou que também vai investigar as causas que podem ter originado o aumento das anomalias congênitas. Entre as medidas está a notificação compulsória para todos os serviços de saúde do estado.
Até o dia 11 de novembro de 2015, segundo o Setor de Vigilância Epidemiológica, por meio do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS-Natal), a pasta identificou 18 ocorrências de nascidos vivos residentes em Natal, sendo dez casos com microcefalia, correspondendo a 22% das ocorrências em Natal.
No tocante à possível teratogenicidade do Zika Vírus, a SMS observa que 33% das anomalias congênitas possuem histórico de sintomas relacionados à síndrome exantemática a esclarecer (rash cutâneo, febre, prurido, hiperemia conjuntival) na gestação. Com relação a microcefalia, 75% dos casos possuem o histórico sintomatológico em questão.
A pasta também iniciou a construção do Protocolo de Manejo e Investigação Epidemiológica da Sesap, uma busca ativa dos casos de anomalias congênitas nas maternidades públicas (Leide Morais, Quintas, Felipe Camarão, MEJC, Santa Catarina) e maternidades privadas da capital (Hospital Promater, PAPI e Hospital Antônio Prudente).