Conflito no hospital

Conflito no hospital

 Woden Madruga  [woden@terra.com.br]



Caiu na minha bacia das almas artigo escrito pelo médico Carlos Alberto Araújo. Trata de conflitos que estariam ocorrendo na cúpula administrativa do Hospital Universitário Onofre Lopes. O autor tem mestrado, é  Ph.D., professor doutor pela UFRN, pós-doutor pela Duke University, chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do HUOL/UFRN e membro titular da SBCT. Título do artigo: “Ebserh/Huol x Meritocracia”. Transcrevo-o na íntegra:



“Vivencio diariamente, desde 1988, a história do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL). Conheço, portanto, boa parte de sua recente história. Sou também testemunha da sua consistente e inequívoca ascensão na qualidade e diversidade dos serviços prestados como hospital terciário.

Desde minha admissão como docente – por concurso público – em 1993, desempenho – sem qualquer remuneração – atividade assistencial aos pacientes que necessitam de cirurgia torácica. Há mais ou menos oito anos recebi o convite da então direção do HUOL para assumir a chefia do serviço de cirurgia torácica, ao qual aceitei muito honradamente. Mais uma vez, sem nenhuma remuneração.

Graças a esse trabalho, dedicação e à minha afinidade com a antiga diretoria, compartilhei do planejamento e, principalmente, da otimista expectativa da entrada da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), empresa pública brasileira, como gestora do HUOL. Teríamos, como compromisso básico, a manutenção da ação da academia médica, associado a uma maior flexibilização e autonomia da sua capacidade de contratação de pessoal, fator historicamente limitante na sua trajetória de crescimento em busca da excelência e do melhor atendimento aos pacientes.

Há dois anos a EBSERH assumiu, enfim, a gerência do HUOL. Os serviços receberam a nova denominação de “linha de cuidado”, e aqueles que contemplam a cirurgia torácica foram enquadrados na “linha de cuidado respiratório”. A mudança não foi apenas na nomenclatura: existe agora uma remuneração para quem estiver à frente do serviço.

Como chefe do serviço de cirurgia torácica do HUOL expressei várias vezes para a atual gerência da EBSERH/HUOL minha preocupação com a ocupação do referido cargo. E, naturalmente, meu interesse em exercê-lo. Para que, entre outros motivos, não se cometesse injustiça com quem historicamente tem, há, tantos anos, sem remuneração, trabalhado naquele setor. A própria antiga diretoria do HUOL se comprometeu, no processo de mudança de gestão, para que os docentes fossem priorizados na ocupação dos novos e remunerados cargos.

Esta semana, com uma decepção imensurável, fui apresentado ao novo “gerente” da linha de cuidado a qual a cirurgia torácica está subordinada.

Faço questão de deixar claro que nada tenho contra esse profissional, um ex-aluno, respeitado pneumologista, e, como eu e todos os demais que historicamente e sem remuneração trabalharam pelo HUOL, partícipes involuntários de uma injustiça sem precedentes. Principalmente por vivermos, apesar dos novos gestores, em um ambiente universitário, onde o saber e a meritocracia devem ou deveriam nortear nossas ações.

Agora, eu, como tantos, nos perguntamos estupefatos quais critérios foram utilizados nessa indicação: será que todos os anos de dedicação, sem remuneração, juntamente com o investimento curricular, do mestrado, doutorado e pós-doutorado, não são valorizados pelos burocratas que fizeram essa escolha? 

Parece que não.

Eu, como tantos, só temos a lamentar que a Meritocracia, senhora da eficiência, seja atropelado por qualquer outra coisa que não encontra espaço em nossos currículos, sob pena de desmoralizá-los. ”

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