As clínicas de hemodiálise estão há três anos sem reajuste das internações por parte do governo. Para cobrar o aumento, representantes de entidades da área irão se reunir na próxima terça-feira com o ministro da Saúde, Marcelo Castro. No Rio Grande do Norte, há 2,2 mil pacientes renais crônicos que fazem sessões de hemodiálise em oito clinicas espalhadas pelo Estado. 



 Todo o atendimento dessa parcela da população é feito em clínicas privadas que recebem dinheiro do SUS pelo serviço. Não há atendimento de pacientes renais crônicos na rede pública. Somente pessoas com problemas agudos (internados em hospitais estaduais) nos rins têm a atenção prestada por uma estrutura 100% pública.   

 De acordo com o proprietário de uma clínica em Natal, o nefrologista José Euber Pereira Soares, a defasagem no preço das sessões já chegam a 40%, considerando inflação e alta do dólar. “A nossa situação é crítica. Todos os insumos aumentaram. O principal deles, os filtros capilares, tem o preço dolarizado. Por mês, a gente gasta  R$ 100 mil para comprar os capilares”, disse. Conforme o médico, isso representa 30% dos seus custos. 



 Os outros custos dizem respeito a pessoal, serviço de tratamento e consumo de água e energia elétrica. “A minha  energia passou de R$ 10 mil para R$ 24 mil. Muitas clínicas pelo Brasil já estão fechando”, acrescentou. O SUS paga R$ 180 por uma sessão de diálise. Mas o nefrologista afirma que os convênios privados pagam o dobro desse valor. A clínica do médico José Euber Pereira atende a 350 pacientes. Desse número, 80% deles são do SUS. 



 Com um contingente tão grande de pacientes da rede pública, nem mesmo se quisessem  os estabelecimentos conseguiriam sobreviver só de pacientes privados. “A rede privada tem um limite, porque a maioria que estava rede privada está partindo por SUS, já que o sistema é universal”,explicou. 



 Ainda não se cogita parar o atendimento de pacientes, mas José Euber colocou um prazo limite para se resolver a situação. “No momento não vamos deixar de receber pacientes, mas se continuar desse jeito não consegue segurar depois de dezembro”. As oito clínicas que fazem hemodiálise via SUS estão espalhadas por Natal, Parnamirim, Mossoró, Pau dos Ferros e Caicó. Na audiência da próxima terça-feira participarão representantes da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Associação Brasileira de Renais Crônicos e   Associação Brasileira de Clínicas de Diálise e Transplantes (ABCDT), da qual José Euber é diretor.