O mundo sem segredos, eles sabem tudo de você

18/03/2022

O mundo sem segredos, eles sabem tudo de você

18/03/2022

O mundo sem segredos, eles sabem tudo de você

Os computadores enfrentam os mesmos desafios enfrentados pelas mentes humanas, administrar um tempo finito, um espaço finito, uma atenção limitada, desconhecimentos, informação incompleta e um futuro imprevisível. Algoritmos projetados para máquinas podem ter relação com mentes humanas, psicologia, estatística revelam uma interação que permite desvendar uma estreita correlação entre cognição humana e a computação. Projetar algoritmos para humanos envolve matemática, engenharia, estatística e pesquisa operacional, além de ciências cognitivas. Lidar com incertezas, informações incompletas, limites de tempo e um mundo em constante mutação e mesmo assim ter que tomar decisões levam à busca dos algoritmos perfeitos que vão muito além da sequência de músicas, livros e filmes que são recomendados, alcançando relacionamentos amorosos, carreira profissional, viagens, amizades, compras, escrevem Brian Christian e Tom Griffiths em Algoritmos para Viver. Pensar com algoritmos sobre o mundo, aprender sobre a estrutura dos problemas, as propriedades das soluções, podem ajudar a reconhecer quem realmente somos e compreender melhor comportamentos ou erros cometidos. As respostas requerem às vezes que se considerem números astronômicos de possibilidades, que são empecilhos à ciência da computação. Não é diferente para o ser humano, o funcionamento interno de um computador mostra os caminhos que nosso cérebro usa para decidir, em que acreditar ou como se comportar. Através das lentes da computação muito sobre a natureza da mente humana pode ser desvendado, o sentido da racionalidade e nossas escolhas de como viver. Para agir, tudo se inicia com coleta dos dados. E as redes sociais fazem isso infinitamente, uma imensidão incalculável de dados que vão alimentar uma sequência de passos para resolver um problema, como comprar um apartamento ou iniciar um namoro. A internet é repleta de avaliações, posts votados, curtidas, visualizações, comentários, músicas ouvidas, vídeos vistos, seguidores, conteúdos consumidos, assuntos procurados, tudo isso cria impulsos que transformam experiências aparentemente inexprimíveis em números compreensíveis. À medida que as pessoas dão acesso à vida delas nas redes, desejos, hábitos, repulsas, a conversão desse modo de pensar em números gera uma narrativa, comandos, instruções e operações que solucionam, tal qual o cérebro das pessoas, dificuldades e problemas. Milhões e bilhões de microjulgamentos, opiniões rápidas são fontes da percepção do emissor que permitem conhecer sua visão de mundo, crenças, posição política, consumo, e prever seu comportamento e atitudes frente a desafios. As duas principais histórias construídas pelos dados da internet são sobre vigilância e dinheiro, espionagem do governo e oportunidades comerciais, escreve Christian Rudder em Dataclisma, quando investiga com os dados digitalizados “quem somos quando achamos que ninguém está vendo”. Em Dataclisma ele tenta construir uma história humana. O Facebook sabe de quem você é fã, o que consome, do que gosta, com quem se relaciona ou deseja, o Google sabe se você está desejando um carro novo, se você é solitário, racista, gay, o Twitter, Instagram, Tinder são empresas de largo alcance, com dados demográficos precisos e de importância sem precedentes. Esses dados revelam quem a pessoa é, como age, o que pretende e até conseguem prever se alcançará o que sonha ou cogita. Poderá lhe encontrar um relacionamento ou um casamento e calcular se será duradouro. A internet sabe mais de você que você mesmo, a transformação do que somos para números permite que a compreensão da vida seja feita numa narrativa de números. 87% da população americana está na internet e usam o Google, o Facebook tem mais de um bilhão de contas no mundo, os estalos, zumbidos e pequenos ruídos captados da internet são pequenas janelas que mostram a vida humana”, os dados continuam surgindo, as janelas vão aumentando, há muito para se ver”, diz Rudder.

Dr. Geraldo Ferreira – Médico e Presidente do Sinmed RN

Artigo publicado no Agora Jornal dia 18 de março de 2022.

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