08/01/2018
08/01/2018
Thomás Friedman em Obrigado Pelo Atraso diz que estamos em um momento de intensa aceleração no mundo, e a progressão geométrica, anunciada por Malthus para o aumento da população, é muito mais forte na computação e na inteligência artificial. A aceleração na globalização de fluxos, conectando as pessoas com tablets e celulares, permitem a competição, conexão, colaboração e inventividade de uma forma nunca vista, seja para os construtores ou para os destruidores, para as forças da ordem ou do caos. O contato entre estranhos com a aceleração das ideias nas redes sociais está contribuindo para rápidas mudanças na opinião pública, tradições, pontos de vista e sabedoria convencional já não parecem tão sólidos. Aliada a isso, a grande aceleração do sistema socioeconômico global atinge a natureza numa dimensão e velocidade difícil de estimar. Não há mais como separar o sistema terra biofísico da atividade humana, várias indicadores empurram a terra para além do limite de equilíbrio, para fora do período Haloceno em que vivemos. O planeta poderá se transformar, a se intensificarem mais ainda desflorestamento, CO2 na atmosfera, acidificação dos oceanos, queda da biodiversidade e esgotamento da fertilidade do solo, de amigo em inimigo. A aceleração na geopolítica tornou o mundo mais interdependente, mas abalou os estados fracos, pelo aumento das demandas de suas sociedades, o que pode levá-los da fragilidade à desintegração, o maior poder dos indivíduos é amplificado pelas redes sociais. A Sociedade e a Civilização ocorrem como interação entre Política, Cultura e Liderança, absorvendo lições da natureza e sua forma de manter a resiliência, pode se encontrar saídas para os dilemas do mundo atual. Quem sobrevive não é o mais forte, mas o mais flexível a se adaptar. A natureza opera com mecanismos de regulação que exigem diversidade, mudança e adaptação, aprendizagem contínua, interdependência entre nichos e redes, reaproveitamento, incorporação de fatores externos, paciência, para manter a estabilidade. Para um mundo em mudança e transformações a uma velocidade acelerada, essas lições da natureza podem ser traduzidas no plano da sociedade em formas de convivência onde o que vier do melhor ou mais forte possa ser absorvido sem o sentimento de humilhação, mas como algo que venha a melhorar e fortalecer quem recebe e incorpora essa influência, deve-se optar pela diversidade e variedade que enriquece a capacidade de resposta aos problemas, deve-se ter um sentido de propriedade e pertencimento que desenvolvam o apreço, o zelo, o cuidado, para com as coisas que são comuns e precisam ser conservadas pelo seu valor para todos, o que é de todos não deve ser visto como de ninguém, mas como realmente de cada um. Ao se abordar os problemas e as dificuldades sem dogmatismos e com empreendedorismo cria-se uma cultura de resiliência e propulsão.
*Artigo publicado no jornal Agora RN no dia 05/01/2018.