O Impulso Moral das Ações – Artigo de Geraldo ferreira publicado no Novo Jornal
03/05/2017
Foi Jeremy Bentham, filósofo inglês, quem fundou a doutrina utilitarista. Em Princípios da Moral e Legislação pontuou que os seres humanos eram movidos pelos sentimentos de dor e prazer, e esses dois mestres soberanos governam tudo o que fazemos e determinam o que devemos fazer. Quando alguém discorda do princípio do utilitarismo o faz com razões, que mesmo inconscientes, derivam desse princípio. John Stuart Mill, em O Utilitarismo, discorre o princípio da felicidade como fundamento da moral, sendo a felicidade prazer e ausência de dor. A infelicidade seria, portanto, dor e privação de prazer. Tal teoria tem uma influência profunda na sociedade moderna e no direito. Não seria incompatível com o Utilitarismo reconhecer que há espécies de prazer que são mais desejáveis e valorosos que outros. A doutrina Utilitarista prega que a felicidade é uma coisa desejável como um fim em si, as outras coisas são desejáveis como meios para tal fim. Se o desejo da felicidade é conduzido pelo amor desmedido ao dinheiro, ao poder ou à fama, isso torna frequentemente o indivíduo nocivo para outros membros da sociedade, sendo muito mais valioso o que cultiva o amor pela virtude. O padrão utilitarista embora aprove e tolere os desejos, limita-os ao ponto no qual além dele seriam danosos para a felicidade geral. Nada pode ser desejado por si mesmo, mas como parte e promotor da felicidade. A grande crítica ao Utilitarismo se situa em que há valores transcendentes, limites que ultrapassados corrompem a integridade, responsabilidades pessoais e sociais sobre os próprios atos e repercussões sobre os outros. Aurélio Schommer, em O Evangelho Segundo a Filosofia, fala de um sonho de Luciano de Somósata, onde lhe disputam duas mulheres, Escultura e Cultura. Na Disputa, Cultura lhe fala das virtudes mais caras, Ornamentarei o teu Espírito com as mais variadas e belas virtudes, sabedoria, justiça, piedade, doçura, benevolência, inteligência, fortaleza, o amor do belo e a paixão do sublime. No Ocidente, o triunfo das mensagens de paz, amor ao próximo e empatia ensinam que há algo maior que o prazer pessoal, esse precisa do complemento moral, o evolucionismo com a versão egoísta de um gene movendo todos os interesses na busca da sobrevivência e retransmissão não parece encaixar tudo. Utilitarismo, contrato social, com menos altruísmo e mais autointeresse, imperativos categóricos, direito Natural, a verdade é uma descoberta a partir das razões contra e a favor das várias alternativas.
*Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal dia 03/05/2017