04/01/2017
04/01/2017
Foram Simone de Beauvoir com O Segundo Sexo e Betty Friedan com A Mística Feminina os motores que puseram a roda do Feminismo para girar. Amparadas no Marxismo, Beauvoir desconstruiu a hierarquização do sexo, que deixava de ser questão biológica, passando a ser unicamente uma construção social, pautada em séculos de patriarcalismo. Betty Friedan centrou fogo na demonização do trabalho doméstico e na idealização do trabalho fora de casa, era preciso escapar da armadilha doméstica e ter um trabalho interessante, um ofício profissional. A evolução do pensamento de Friedman levou à defesa do aborto como uma consequência da emancipação da mulher do papel de mãe. Para Steven Pinker a libertação feminina, ainda em andamento, é uma conquista moral da nossa espécie, fruto da evolução que conduziu à superação do despotismo, escravidão, feudalismo e segregação racial. Pinker, no entanto, reconhece diferenças biológicas fundamentais entre os gêneros, visto pelas feministas como argumento de opressão. No Feminismo de Equidade, as mulheres lutam por igualdade social, política e econômica, sem comprometer-se com questões da psicologia e da biologia. No Feminismo Radical, se questiona o gênero, e se denuncia que formas de socialização ensinam meninos e meninas a cumprirem seus papéis de dominantes e dominadas. Sustentam que o masculino e o feminino são criações culturais, comportamentos que aprendemos desde cedo. Suas bandeiras vão de igualdade de direitos ao fim da violência doméstica, da cultura do estupro, descriminalização do aborto, liberdade sexual, fim da desigualdade salarial, reconhecimento do trabalho doméstico como um trabalho não pago, fim da opressão de raça, classe, gênero, orientação sexual. Buscando, como o Marxismo, uma revolução completa, o Feminismo radical acredita que o fim do machismo só é possível com a destruição de toda estrutura patriarcal da sociedade. O objetivo final é o empoderamento da mulher com o fim do patriarcado. A criação de estereótipos aprisionou o movimento feminista radical numa agenda que finda por destruir a essência da mulher, igualando-a ao homem. Pinker, citando Darwin, relembra os aspectos e diferenças de gênero. Paixão, fascinação, desejo, emoção, luxúria, recato, são formas da natureza agir. Na teoria da evolução, o ambiente ancestral está sempre à espreita, quanto ao futuro, comportamentos sairão vencedores se maximizarem as aptidões humanas para a sobrevivência.
*Artigo de Geraldo Ferreira, presidente do Sinmed RN, publicado no Novo Jornal, dia 04/01/2017.