03/08/2017
03/08/2017
O acordo de partilha da ONU deu aos Judeus 55% e aos Palestinos cerca de 45% da terra, ficando Jerusalém como área internacional. James Gelvin diz que Israel aparentemente aceitava os planos da partilha da Palestina, os estados árabes não, e foram à guerra, que iniciou-se em meados de 1948 e terminou com acordos de armistício de 1949. Nessa guerra estabeleceram-se as fronteiras formais do estado de Israel, 750 mil palestinos que viviam em território que Israel reivindicava soberania tornaram-se refugiados, proibidos de voltar a seus lares, Israel controlava agora 80% do mandato palestino. O problema dos palestinos atrelou-se ao fim do estado de guerra, dentro de um acordo global ou paz compreensiva. 1967 marcou outro momento significativo nas guerras árabe-israelenses. Ali, nas primeiras horas, Israel destruiu as forças aéreas egípcia, Síria e Jordaniana e em seis dias passou a controlar a península do Sinai, as Colinas de Golã, Cisjordânia, Faixa de Gaza e leste de Jerusalém. A prioridade para os Árabes passou a ser a devolução dos territórios ocupados, em vez da destruição de Israel. A política de terra por paz, estruturada pela resolução 242 do conselho de segurança da ONU previa retirada de Israel dos territórios ocupados, fim da beligerância e reconhecimento da soberania e fronteiras dos estados da área, aceita pelos Palestinos apenas nos acordos de Oslo de 1993, em que formalizaram a aceitação. Arafat renunciando ao terrorismo, reconhecia Israel e a resolução 242 e 238 da ONU e Rabin reconhecia a OLP como representante do povo palestino. Todos os ajustes futuros teriam que ser na Cisjordânia e Faixa de Gaza. Após o 11 de setembro, no contexto da guerra americana ao terrorismo, as negociações não avançaram mais e para Israel havia, além da questão de ideologia e segurança, a economia integrada, mercado cativo, recursos hídricos, e os assentamentos, usualmente chamados colônias, que confirmavam o controle de Israel sobre o território ocupado. Os palestinos refugiados querem voltar, os que estão sob ocupação militar querem governo autônomo e liberdade, o cidadão árabe-israelense não quer ser reconhecido e tratado como não judeu, indesejável e incômodo. Golda Meir dizia que os Palestinos não existiam, Israel sempre viu os viu como árabes, mas as nações unidas afirmaram o direito de Israel existir ao lado de um estado palestino. Edward Said conclui que é na existência de Israel e Palestina que está o futuro decente, sem a anulação de um pelo outro.
*Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal dia 02/08/2017